NOSSO AMIGO VICENTE FORTE
Roberto Saad Junior
João Aléssio Juliano Perfeito
Nascido em 15 de março de 1937, em São Paulo. Filho de Alfredo Forte e Rosinha
Marquetti Forte. Casado com Lílian Doris Del Grande Forte, sua eterna cúmplice e
companheira, em 24 de abril de 1965, com a qual teve três filhos: Luis Vicente,
Ana Lúcia e Ana Paola. Cursou medicina na Escola Paulista de Medicina de 1956 a
1961. Progrediu na vida acadêmica, cumprindo todas as etapas: Residência médica
de 1962 a 1965; Professor Assistente Voluntário de 1965 a 1966; Professor
Instrutor de Ensino de 1966 a 1969; Professor Assistente de 1969 a 1972;
Professor Adjunto de 1972 a 2006 e Professor Associado da Disciplina de Cirurgia
Torácica do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo desde
2006. Doutor em Medicina, título concedido por concurso pela Escola Paulista de
Medicina em 1972. Professor Livre-Docente, título concedido por concurso pela
UNIFESP em 1996. Era membro de 16 sociedades médicas nacionais e internacionais.
Diretor de Cirurgia Torácica do Capítulo de São Paulo do Colégio Brasileiro de
Cirurgiões de 1992 até 1998. Emérito do CBC. Presidente do Departamento de
Cirurgia Torácica da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia desde
1996. Foi, por dois anos, Presidente da Sociedade Sul-Americana de Cirurgia
Torácica e, por três gestões, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica, da
qual é fundador e o primeiro presidente.
Esteve presente em mais de 600 Congressos, escreveu aproximadamente 70 capítulos
de livros e teve mais de 250 resumos ou artigos completos publicados. Pioneiro
do transplante de pulmão no Estado de São Paulo. Sua casuística na cirurgia de
traquéia é reconhecida internacionalmente como uma das maiores e melhores.
Vicente Forte foi um líder nato, não precisou mostrar força nem gritar, se impôs
pelo trabalho e principalmente pelo exemplo. Inquietava-nos, deixava-nos
incomodados, nos motivava e abria caminhos para todos. Não desistia nunca, aos
71 anos, demonstrava o entusiasmo de menino. Sempre vem a lembrança de um dia em
que ele deveria chegar a uma reunião, para organizar um livro sobre Cirurgia de
Tórax Geral, chegou às 6:00 h da manhã, não quis almoçar, apenas comeu um lanche
e não parou até às 21:00 h, quando chegamos ao final. A sua máquina fotográfica
sempre a tira-colo tudo documentou.
Nos Congressos tanto Nacionais como Internacionais, era presença constante,
assistindo a tudo, das grandes conferências às pequenas apresentações de temas
livres dos mais novos, tudo comentava. Era sincero e verdadeiro, não se
intimidava, aprendia e acima de tudo ensinava.
Convidado por colegas para auxiliar ou realizar operações, nunca negava,
aceitava tudo, a qualquer hora, a qualquer dia e em qualquer lugar. Tinha como
recompensa, o prazer em ajudar, o prazer de colaborar, o prazer de formar
verdadeiros cirurgiões para o futuro.
A aposentadoria compulsória aos 70 anos, em 2007, não fez com que diminuísse em
nada a sua capacidade de trabalho e de liderança; pelo contrário, além da
UNIFESP enveredou-se como voluntário, também, pela Faculdade de Ciências Médicas
da Santa Casa de São Paulo. Há poucos dias, estava viajando pela Espanha, não
para passear ou ver museus, mas para ver transplantes; e para espanto de todos,
voltou com a empolgação de sempre, falando das novidades que tinha aprendido, de
como era o protocolo espanhol; parecia um residente frente às suas primeiras
cirurgias.
Vicente sempre dizia que o trabalho não o derrubaria, pois o trabalho faz bem à
saúde, quando se ama o que se faz. Não foram as operações longas ou as noites
mal dormidas, que conseguiram fazer o seu coração parar. Quis o destino que ele
parasse quando estivesse dormindo e foi assim que nos deixou, confirmando mais
uma das suas verdades.
O consolo é que o exemplo de um verdadeiro professor é imortal, mas não
conseguimos fugir daquele enorme sentimento de saudade...
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