Page 7 - 113-Dez_2011

This is a SEO version of 113-Dez_2011. Click here to view full version

« Previous Page Table of Contents Next Page »

Jornal SBC 113 | Dezembro 2011 7

A AMB é de todos os médicos

É um grande prazer assumir a presidência da AMB, que em 26 de janeiro completou 60 anos. A entidade congrega as associações médicas estaduais e suas regionais, alémde todas as Sociedades de Especialidade reconhecidas no Brasil. É o berço científco da nossa medicina.

Permitam-me que lhes fale um pouco de quem sou. Sou um cearense típico, nascido em Crateús, cidade interiorana cortada pelo Rio Poti. Mudei para Fortaleza com 12 anos para estudar e, aos 17, ingressei na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Fiz residência médica em Cirurgia Geral e Cirurgia Oncológica no Rio de Janeiro, onde morei por cinco anos. Retornei ao Ceará para exercer minha profssão. Atualmente, ocupo a superintendência dos Hospitais Universitários da UFC com muita disposição e vontade de ajudar a instituição que me fez médico, para retribuir um pouco do muito que minha universidade me deu.

A primeira representação cartográfca do nosso país data de 1502, feita por um autor português desconhecido, mas que fcou conhecida como “Carta de Cantino”. Nesse mapa aparece pela primeira vez bem defnida a linha do Tratado de Tordesilhas, datado de 1494, que dividia o mundo entre Portugal de D. João II

INFORMES AMB

Esta é uma parceria AMB - SBC

e a Espanha de Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Algumas situações levam-nos a pensar que voltamos no tempo, quando querem dividir os médicos do país em grupos: pobres e ricos, bons e maus, corretos e semeadores do caos. A medicina é tão nobre, que mesmo na visão dos mais improbos ou incendiários, isso não deveria acontecer. Devemos estar unidos para que mais facilmente alcancemos o bem coletivo e o resultado fnal gratifcante.

Eu e a diretoria assumimos a AMB com o compromisso de deixá-la ainda mais forte e representativa da classe médica. Incentivaremos a área científca, a defesa profssional, a boa relação com as entidades médicas irmãs (CFM e Fenam), com os governos, com todos os outros profssionais de saúde e com todos que queiram formar esse batalhão em busca de proporcionar saúde melhor a todos. Fortaleceremos a imagem do médico.

Seremos contumazes em buscar a boa formação médica com cursos que capacitem adequadamente por meio de boas escolas. Precisamos de qualidade na formação, não de quantidade. Damos liberdade aos médicos formados fora de exercerem a medicina no Brasil sim, mas queremos saber como foram formados e se têm a qualifcação para atender bem nossos pacientes.

Todavia, ainda existem faculdades de medicina fazendo o caminho inverso do que seria resguardar a segurança da população. Fazer revalidação automática de diplomas de médicos formados no exterior é colocar em risco quem já sofre no dia a dia.

Queremos uma residência cujo acesso priorize o mérito e o conhecimento. Somos favoráveis e defendemos a Estratégia Saúde da Família (ESF), mas precisamos de médicos bem treinados na ESF, capazes e, preferencialmente, com residência médica na especialidade. Defendemos a formação correta, boas condições de trabalho e uma carreira de Estado para os locais de difícil acesso e provimento para que fxemos o médico nessas localidades. O marco regulatório da Residência Médica é antigo, não precisamos de modismos ou vieses, especialmente quando se coloca em xeque priorizar o conhecimento, o mérito.

Queremos políticas públicas de saúde de médio e longo prazos, duradouras, que não visem somente um mandato. O Brasil tem recursos para alocar na saúde, o que precisamos é que essa seja priorizada. O governo federal é a instância que mais arrecada, porém vem se desonerando proporcionalmente quando se comparam os investimentos de Estados e municípios. A regulamentação da Emenda Constitucional 29 urge. Que seja aprovada fxando-se os 10% das receitas, pois é assim com Estados (12%) e prefeituras (15%).

Na saúde suplementar, defendemos o respeito à autonomia médica responsável, comprometida com o melhor para o paciente e com os custos. Precisamos melhorar a remuneração do nosso trabalho, assim como precisamos discutir performance, mas que seja relacionada aos melhores resultados, não a se pedir menos exames, ou não dispensar a atenção que nossos queridos pacientes merecem. Vamos discutir custos sim, vamos evitar diagnósticos e tratamentos desnecessários, onerosos.

A verdade não morre e será nossa busca incessante, sem desvios e sem equívocos. Sejamos frmes na palavra, não aceitemos mordaças como tentaram nos colocar recentemente.

Florentino Cardoso

Presidente da Associação Médica Brasileira

Page 7 - 113-Dez_2011

This is a SEO version of 113-Dez_2011. Click here to view full version

« Previous Page Table of Contents Next Page »