Jornal SBC 121 | Agosto 2012
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ESQUINA CIENTÍFICA
Luís Beck da Silva |Co-editor
luisbeckdasilva@gmail.com
Arritmias Cardíacas (1)
Marca-passos para o tratamentoda síncope
Foi publicado um estudo multicêntrico aleatorizado
controlado com placebo com o uso de marca-passo
para o tratamento de síncopes neuromediadas com
assistolia prolongada (maior que 3 s com síncope,
ou 6 s sem síncope). O uso do marca-passo reduziu a
ocorrência de síncopes em 57%.
Fonte:
Circulation.
Referência:
M. Brignole et al. Circulation 2012; 125: 2566-
2571.
Márcio Figueiredo
Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC)
Arritmias Cardíacas (2)
Marca-passo é terapia eficaz para síncope vasovagal
comassistolia
O estudo ISSUE-3 avaliou o uso de marca-passos
duplacâmara em pacientes síncope vasovagal na forma
cardioinibitória (assistolia documentada > 6 segundos ou
> 3 segundos com síncope) em pacientes acima de 40
anos. 77 pacientes foram implantados e randomizados
para uso de marca-passo em modo ativo ou modo
back-
up
(para eliminar o efeito placebo). Após dois anos, 57%
dos pacientes com marca-passo desligado apresentaram
recorrência da síncope, comparados com 25% daqueles
com marca-passo ativo. Observou-se redução de 57% no
riscorelativoede32%noriscoabsolutodesíncopenaqueles
randomizados para o modo ativo. Portanto, este estudo
sugere que o tratamento com marca-passo é efetivo em
pacientes com síncopes recorrentes associadas a assistolia.
Fonte:
Circulation.
Referência:
Brignole M, et al. Circulation 2012;
125:2566-2571.
EduardoB. Saad
Coordenador de Habilitação Profissional da Sociedade
Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac)
Aterosclerose
Controle dos fatores de riscoCV: novos dados doCDC
Americano
Em relatório recente, o CDC Americano demonstrou o
subtratamento nos serviços de saúde e prevenção. Em
relação ao controle dos fatores de risco: na hipertensão
arterial, apenas 43,6% dos hipertensos estão sob
controle; no diabetes, 87,1% dos diabéticos têm níveis
médios de HbA1c de 9,0%; para o colesterol, 66,6%
dos homens estão fora das metas preconizadas; e no
tabagismo, só 20,9% dos fumantes orientados para
parar obtiveram sucesso. A prescrição de AAS na doença
vascular isquêmica foi de apenas 46,9% em 2007-2008.
Razões para que médicos não indicassem o tratamento
como deveriam: falta de familiaridade com diretrizes
atuais, fatores relacionados às consultas médicas, e a
concepção antecipada da não adesão a regimes de
tratamento diário.
Fonte:
Centers for Disease Control and Prevention.
Referência:
Centers for Disease Control and
Prevention. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2012;
61(suppl):1-84.
HermesT. Xavier
Presidente do Departamento de Aterosclerose - Sociedade
Brasileira de Cardiologia
Cardiologia daMulher
Terapia comestatinas na prevençãode eventos
cardiovasculares ( CV ) recorrentes
Meta-análise de dados colhidos da Pubmed, em
estudos não observacionais de prevenção secundária
de desfechos CV, de 11 estudos totalizando 43.193
pacientes. As mulheres representaram 20%. Os
benefícios de prevenção primária e secundária foram
verificados em ambos os sexos; entretanto, não houve
confirmação estatística nas mulheres para prevenção
secundária de AVC e mortalidade de todas as causas.
Interação das estatinas, endotélio e os hormônios
femininos, além de seleção de mulheres de idade mais
avançada e com comorbidades poderiam explicar a
diferença. Análise de sensibilidade estatística também
evidenciou que as estatinas lipofílicas podem ser
melhores que as hidrofílicas, particularmente na
prevenção do AVC; hipótese ainda a ser testada.
Fonte:
Archives of Internal Medicine.
Referência:
Arch InternMed.2012; 172 (12): 909-919.
OrlandoOtáviodeMedeiros
Presidente do Departamento de Cardiologia daMulher
Insuficiência Cardíaca
Varfarina na insuficiência cardíaca comritmo sinusal
Qual o melhor antitrombótico para pacientes com
Insuficiência Cardíaca (IC) e ritmo sinusal? O ensaio
clínico WARCEF randomizou 2305 pacientes com IC
por disfunção sistólica e ritmo sinusal para receberem
aspirina (325 mg/dia) ou varfarina (INR alvo: 2,0-3,5). O
desfecho primário, um composto de Acidente Vascular
Cerebral (AVC) isquêmico ou hemorrágico ou morte
total, foi semelhante nos dois grupos (HR varfarina,
0,93; IC95%, 0,79 a 1,10; P = 0,40). Houve uma redução
do risco de AVC isquêmico no grupo da varfarina
que foi compensada por um aumento de risco de
sangramento maior. O estudo é criticado pelo fato
de não incluir um grupo placebo, pois compara duas
estratégias não indicadas em pacientes com IC e ritmo
sinusal, se não isquêmicos.
Fonte:
NewEngland Journal of Medicine.
Referência:
Homma S, Thompson JLP, Pullicino PM, et al. N
Engl J Med 2012; 366(20):1859-69.
Luís Beckda Silva
Diretor Administrativo do Departamento de Insuficiência Cardíaca
- DEIC/SBC