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Jornal SBC 118 | Maio 2012
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CARDIONAUTAS
NFC permite troca de dados de forma
curta utilizando apenas dois dispositivos
NFC é o acrônimo de Near
Field
Communication
(comunicação por campo
de curta distância). Trata-se
de uma comunicação sem
fio tipo “ponto a ponto”,
onde há apenas dois
dispositivos
envolvidos.
O
que
caracteriza
a
tecnologia (e que lhe
deu nome) é a curtíssima
distância em que se dá a troca de dados: de zero a
vinte centímetros. Na prática isso significa que para
iniciar a comunicação é preciso quase encostar os
dispositivos um no outro.
Responsável
Augusto Uchida
augustohiroshi@cardiol.br
A característica mais interessante da NFC é que ela
pode ser usada apenas para estabelecer a conexão
inicial entre dispositivos, ou seja, identificar-se
mutuamente.
O NFC é uma tecnologia de conectividade sem fio de
curto alcance, baseada na tecnologia RFID, que usa
a indução de um campo magnético para permitir a
comunicação entre dispositivos eletrônicos próximos.
Essa tecnologia fornece um meio transparente
para os protocolos de identificação que validam
a transferência de dados segura. Isso permite aos
utilizadores executar de forma segura e intuitiva
transações sem contato direto, acesso a conteúdo
digital, além de conectar dispositivos eletrônicos
simplesmente tocando ou aproximando-os. Nos
Estados Unidos, a tecnologia NFC já é utilizada
rotineiramente para pagamentos: você aproxima
seu celular da catraca e paga automaticamente a
passagem do metrô.
Na área médica, etiquetas com circuitos NFC
embutidos que ficam grudadas em pacientes já
enviam dados clínicos do prontuário e até sinais vitais
a celulares. Circuitos NFC já estão sendo embutidos
em frascos de medicamentos para que pacientes
possam se informar melhor sobre a bula.
Para saber mais sobre a tecnologia NFC, visite:
www.nfcworld.com/
HOMENAGEM
Centenário de Zerbini será comemorado
pela SBCCV
O centenário de nascimento do professor Euryclides
de Jesus Zerbini será comemorado pela Sociedade
Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), que vai
divulgar no site, no papel timbrado e em todo o material
impresso do Congresso de abril um selo com o retrato
do médico, falecido em 1993 de câncer, no hospital que
criou, o Incor.
O presidente da SBCCV, Walter J. Gomes, diz que a
comemoração é um preito justo, “pois é por causa de
Zerbini que o Brasil é um dos únicos países que contam
com uma indústria própria do setor, produzindo desde
prótesesvalvaresaaparelhosdecirculaçãoextracorpórea”.
Zerbini foi quem mais formou cardiologistas no Brasil,
pioneiro na área de transplantes cardíacos e fundador do
Centro de Ensino de Cirurgia Cardíaca, a origem do Incor.
Presidiu a SBC no biênio 1976/1977.
Ele ressalta a grande contribuição de Zerbini ao
desenvolvimento das válvulas biológicas como as de
duramáter, o trabalho no desenvolvimento da circulação
extracorpórea juntamente com o professor Hugo
João Felippozzi, e as pesquisas originais que levaram
à correção de cardiopatias congênitas. O cardiologista
Carlos Moraes, de Pernambuco, que trabalhou com
Zerbini, diz que, quando residente, impressionava
a quantidade de argentinos, chilenos e peruanos
que Zerbini recebia de braços abertos, às vezes mais
numerosos que os brasileiros.
As homenagens
A SBCCV vai promover ao longo do ano cursos sobre
temas que evoluíram graças ao trabalho de Zerbini; e,
durante seu congresso anual, fará uma mostra sobre a
vida e o trabalho de Zerbini.
Durante o Congresso da SBC e em parceria com a
entidade, será feita uma exposição sobre Zerbini e
outra está sendo organizada em conjunto com o Incor,
em São Paulo.
Walter Gomes lembra que o Brasil é hoje o segundo
país do mundo em número de cirurgias cardíacas
realizadas, à frente de Alemanha, Reino Unido
e Japão, e isso é em parte fruto do trabalho de
Zerbini. “Praticamente todos os cirurgiões cardíacos
brasileiros foram formados por ele”, insiste, “e chegou
a formar duas gerações, como no caso de Adib e Fábio
Jatene, pai e filho”. Adib Jatene, por sinal, formou-se
na primeira turma no Instituto Central do Hospital das
Clínicas.
Luiz Carlos Bento de Souza, que trabalhou com
Zerbini no então Instituto de Cardiologia do Estado,
hoje Instituto Dante Pazzanese, diz que seu mestre
era “um agregador, com grande liderança, mas
humilde, acessível e de trato fácil, o que é apanágio
dos grandes homens”.
Ivo Abrahão Nesrallah, do Rio Grande do Sul, diz que
Zerbini repetia que “nada vence a força do trabalho”.
Outra frase de Zerbini é que “operar é divertido, é uma
arte e faz bem aos outros”.
Carlos Moraes afirma que mesmo sua experiência na
Inglaterra não foi tão importante como o trabalho
com Zerbini, “que foi a base de toda minha formação
Exposição dos 100 anos de nascimento de Euryclides de Jesus Zerbini também estará no
67º Congresso Brasileiro de Cardiologia.
em cirurgia cardíaca. Ele acompanhava atentamente
o desenvolvimento da cirurgia mundial, era um chefe
rigoroso mas justo, e dava as oportunidades de que
os novos médicos precisavam para crescer”.
Zerbini, que nasceu em 10 de maio de 1912, em
Guaratinguetá (SP), faleceu em São Paulo, em 23
de outubro de 1993. Já com 73 anos, voltou a fazer
transplantes, então na fase dos medicamentos
antirrejeição, e em 1985, novamente pioneiro, fez o
primeiro transplante num paciente chagásico.
Pessoalmente ou comandando sua equipe, respondeu
por 40 mil cirurgias cardíacas. Recebeu 125 títulos
honoríficos e participou de 314 congressos.