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Jornal SBC 127 | Fevereiro 2013
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CONGRESSO BRASILEIRO DE CARDIOLOGIA
A 68ª edição do Congresso Brasileiro de Cardiologia da
SBC está em pleno processo de construção. O evento
será efetivado no renovado Centro de Convenções
Riocentro, agendado para última semana de setembro.
O evento irá destacar uma data magna para a nossa
entidade, qual seja, o seu septuagésimo aniversário
de fundação. A abertura está confirmada para o
dia 28 de setembro de 2013, às 20 horas, em fórum
de reconhecido valor cultural e história marcante,
o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Uma noite
memorável nos espera, promotora de emoção
garantida no reconhecimento do crescimento, solidez
e pujança da nossa entidade nacional.
Duas sessões especiais, dedicadas a essa data
comemorativa, estãoempreparação, sobacoordenação
de Leopoldo Soares Piegas, professor livre-docente da
Universidade de São Paulo, incorporadas à agenda
do nosso evento. “Preparamos sessões para valorizar
a contribuição cientifica brasileira e abordar as novas
fronteiras da cardiologia mundial”, afirma Piegas.
O evento já tem a sua grade consolidada. No dia 27 de
setembro irá ocorrer a prova do TEC, e na sequência,
dia 28 de setembro, o início das atividades cientificas
tradicionais.
O encerramento está previsto para o dia 1º de
outubro de 2013, terça-feira, com “Sessão Concurso
– Superdiretrizes em Debate”, sessão essa que tem
68º Congresso Brasileiro de Cardiologia:
Valorizando os “70 Anos de Fundação da SBC”
atraído próximo de 1.500 participantes, em ambiente
descontraído e informal, focado na consolidação das
melhores recomendações vigentes para a prática
clínica brasileira.
Agende-se, conferindo os prazos para a inscrição
antecipada, assim como reservando sua viagem para
o Rio de Janeiro, que segue perene em sua beleza
inebriante.
ESTILO DE VIDA
A saúde e a resiliência dos médicos
Multiplicidade de ações, burnout e os riscos da trilha dos doutores
Resiliência é a capacidade
de se manter o equilíbrio
emocional sob grandes
tensões. A medicina é
uma profissão desafiadora
e que requer o poder de
transcender adversidades.
Além disso, espera-se que
os médicos tornem os seus
pacientes mais saudáveis,
mas que também sejam
zelosos com a sua própria
saúde. A realidade, no
entanto, é bem diferente.
Pesquisas sobre a saúde física e mental dos médicos
revelam que eles parecem ser tão focados nos
cuidados com seus pacientes que negligenciam o
seu próprio bem-estar. É também comum a cultura
de invencibilidade entre tais profissionais. O
burnout
,
o esgotamento físico e mental devido ao trabalho, é
altamente prevalente entre médicos.
Uma pesquisa realizada em nosso meio pelo
Conselho Federal de Medicina, em 2007, revelou
que, à época, a maioria dos médicos (57%)
apresentava algum grau preocupante de
burnout
.
Um em cada 10 médicos (10,6%) se encontrava em
burnout
extremo. A pesquisa revelou ainda que a
maioria desses profissionais atuava em três ou mais
empregos, que 39,5% trabalhavam de 41 a 60 horas
semanais, enquanto 20% trabalhavam de 61 a 100
horas. Embora não existam dados mais recentes,
provavelmente, o cenário médico atual é igual ou
ainda pior.
A multiplicidade de ações parece ser um dos
maiores problemas da profissão. Segundo o Tao-Te-
Ching, “o caminho da multiplicidade é um caminho
sem descanso; cada ponto de chegada é um ponto
de partida; cada reencontro é uma despedida”. No
livro
First do no harm – being a resilient doctor in
the 21
st
century*
, L. Rowe e M. Kidd aconselham os
colegas a “criarem um santuário acolhedor em casa,
preservando relacionamentos, família e amigos”,
que se perdem em meio às múltiplas ações. Os
autores sugerem ainda que os médicos encarem os
conflitos como oportunidades, que não se isolem
e participem ativamente de sociedades e grupos
profissionais, que sigam aquilo que recomendam,
ou seja, consultem regularmente um médico de
confiança e evitem a automedicação, lembrando-
se sempre que seu comportamento deve ser um
exemplo para seus pares, pacientes e a comunidade.
Pesquisas revelam que médicos que adotam um
estilo de vida saudável obtêm mais sucesso na
orientação de seus pacientes. Um estudo piloto
realizado na Clínica Mayo demonstrou que a adoção
de programas simples que busquem aumentar a
qualidade de vida e diminuir o estresse dos médicos
podem melhorar significativamente a resiliência, a
ansiedade e a produtividade
1
. “Homens perdem a
saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro
para recuperar a saúde. Pensam ansiosamente no
futuro e se esquecem de viver o presente. Vivem
como se nunca fossem morrer e morrem como se
nunca tivessem vivido”, conclui o Dalai Lama.
* Tradução livre: Em primeiro lugar, não prejudiques (aforismo romano):
ser um médico resiliente no século XXI.
1) Sood A, Prasad K, Schroeder D, Varkey P. Stress Management
and Resilience Training Among Department of Medicine Faculty: A Pilot
Randomized Clinical Trial. J Gen Intern Med. 2011, 26(8): 858-61
Jadelson Andrade
Presidente da Sociedade
Brasileira de Cardiologia
Leopoldo Soares Piegas
Membro da Comissão
Científica do 68º Congresso
Brasileiro de Cardiologia