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Jornal SBC 126 | Janeiro 2013
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Simpósio da Cardiologia Brasileira
será em Dubai, no Oriente Médio
Ex-presidente da SBC, Jorge Ilha, foi convidado a montar o evento
de nível internacional, a ser realizado este ano
A cardiologia brasileira estará presente em Dubai, entre
16 e 18 de maio, para um simpósio internacional que
reunirá palestrantes do Brasil e também da Europa,
tendo como público-alvo os cardiologistas que atendem
os sete milhões de habitantes dos países dos Emirados
Árabes Unidos. A informação é do ex-presidente da SBC,
Jorge Ilha Guimarães, que, integrando pequeno grupo
de médicos de várias especialidades, foi convidado em
março do ano passado a ir a Dubai.
Oconvite foi do sheikMohammedbinRashidAlMaktoum
I, e o objetivo era tratar de intercâmbios de saúde com
o Brasil, além de estudar a possibilidade de cursos
conjuntos do Brasil e dos Emirados. Jorge Ilha conta que,
como convidado do governo, conheceu as características
da saúde no país, reunindo-se ainda com o ministro da
Saúde local e equipe, que apresentou as qualificações de
Dubai para ser sede de eventos e de cursos para atender
as necessidades médicas dos próximos anos na região.
Educação médica
Presentes a CSI, empresa oficial de eventos de Dubai,
e a CCM, empresa brasileira, a apresentação mostrou
que Dubai se torna um centro turístico e de eventos e
quer criar um centro de educação médica continuada
para capacitar médicos do Oriente Médio e também
da China, da Índia e da Indonésia. “E o Brasil foi
escolhido como possível parceiro na implementação
do projeto”, afirma Jorge Ilha. Ele conta que as
maiores universidades do mundo já estão em Dubai,
Harvard, Johns Hopkins, MIT e Cleveland, entre
elas, trabalhando especialmente no campo da pós-
graduação. Três grandes hospitais privados estão em
construção para tornar Dubai um polo de referência
no atendimento terciário da região onde vivem
quatro bilhões de pessoas a menos de quatro horas
de voo de Dubai.
Evento internacional
Jorge Ilha será o
chairman
do primeiro simpósio-
piloto, e a CSI e a CCM serão as empresas
organizadoras. As inscrições já são aceitas e
durante o Brasil Prevent vários médicos assinaram
o livro declarando seu interesse no projeto. A SBC
e os Emirados declararam apoio ao evento. A ex-
presidente da sociedade dos Emirados e o presidente
da Sociedade de Cardiologia de Abu Dhabi vão
organizar o evento no local. Diante do interesse
demonstrado, Jorge Ilha propôs a ampliação do
Simpósio com o convite de cardiologistas europeus, e
a International Society of Atherosclerosis se integrou
ao projeto, como também vários países do Oriente
Médio. Está formado um Scientific Committee com
dois membros brasileiros, dois europeus e dois dos
Emirados, além do presidente da IAS.
Conteúdo
Os representantes brasileiros são o presidente da
SBC Jadelson Andrade e o ex-presidente Antonio
Felipe Simão, diretor de Relações Internacionais da
entidade brasileira. O programa cobrirá Hipertensão
Arterial, Insuficiência Cardíaca, Doença Coronariana,
Intervenção, Arritmias, Aterosclerose e Diabetes
que, segundo Jadelson Andrade, é um problema
muito frequente na população árabe, por motivos
genéticos. “É mais uma região do mundo, imenso
mercado consumidor, que se abre à cardiologia
brasileira, nessa sua fase de internacionalização”,
conclui Jorge Ilha.
DEFESA PROFISSIONAL
Saúde. O atual momento
Pesquisas recentes mostram
que a maior preocupação
da população brasileira
é a saúde, seguida da
corrupção e da violência. O
atual momento é de tensão,
vivemos um período de
subfinanciamento da saúde,
com leitos indisponíveis
no Sistema Único de Saúde
(SUS) e déficit da tabela
de remuneração da saúde
suplementar. As operadoras
de planos de saúde querem
ganhar mais e mais, sem cumprir as promessas
feitas a 48 milhões de clientes do sistema de saúde
suplementar e nem valorizar os quase 200 mil médicos
que lhes prestam serviços, sem os quais não existiriam.
Consecutivos reajustes para as operadoras de planos
de saúde são autorizados pela ANS acima do Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em nove anos (de
2003 a 2011), os planos médico-hospitalares tiveram
197% de crescimento no faturamento em todo o país.
No período, a receita anual desse mercado passou de
28 bilhões para 83 bilhões de reais. Por sua vez, o valor
médio da consulta médica, no mesmo período, subiu
apenas 64%.
A saúde pública está ruim há várias décadas e tem
origem nas limitações orçamentárias da União. As
famílias brasileiras são responsáveis por 55% dos
custeios da saúde nesse país. Os outros 45% são
custeados pela União e de uma forma precária. A falta
de recursos coloca em dúvida a viabilidade do modelo
oficial de saúde. Haja vista o péssimo atendimento que
ocorre em todos os Estados da nação.
O Brasil possui 197 escolas médicas, das quais
onze criadas apenas no ano que passou – privadas.
Aproximadamente
17
mil
médicos
ingressam
José Xavier de Melo Filho
Diretor de Qualidade
Assistencial da SBC
josexavier@cardiol.br
anualmente no mercado brasileiro. Nos últimos doze
anos, 4.534 médicos formados em outros países
validaram seus diplomas no Brasil e estão em plena
atividade. A maioria desses profissionais não está no
interior, mas nas capitais.
Esse é o cenário. O momento é de crise, seja na saúde
pública, seja suplementar. É preciso um reordenamento.
O tempo de reflexão já passou. A hora é de ação.
DIRETORIA