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Jornal SBC 130 | Maio 2013
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ESQUINA CIENTÍFICA
Luís Beck da Silva |Co-editor
luisbeckdasilva@gmail.com
“O açúcar moldou nosso jeito
de ser e nossa alma. Sem
açúcar não se compreende o
homem do nordeste”
(Gilberto Freyre)
Os substitutos do açúcar
podem ser de vários tipos:
artificiais (acessulfame K,
aspartame,
neotame,
sacarina,
ciclamato
de
sódio, sucralose), álcoois de
açúcar (eritritol, hidrolisado
de amido hidrogenado,
isomalte, lactitol, maltitol,
manitol, sorbitol, xilitol), edulcorantes naturais
(néctar de agave, data de açúcar, frutose, mel,
xarope de bordo, melaço) e outros (extrato de stevia,
tagatose, trealose). Em 1977, a OMS, após minuciosa
análise, aprovou o ciclamato para o uso em
alimentos e bebidas. Apesar de os Estados Unidos
ainda manterem a proibição desde 1969, por antigas
dúvidas quanto à possibilidade de indução de
câncer de bexiga, o uso do ciclamato está liberado
em mais de 55 países, incluindo Brasil, Alemanha,
Suíça e Canadá.
Um comitê da American Heart Association (AHA) e
da American Diabetes Association (ADA) avaliou
evidências sobre o uso dos seis principais substitutos
não nutritivos do açúcar (SNNA): aspartame,
acesulfame K, neotame, sacarina, sucralose e
stevia. A maioria dos dados científicos existentes
contempla os SNNA contidos em refrigerantes
diet/light
, havendo poucos estudos que avaliaram
outros tipos de alimentos. Pesquisas em modelos
animais avaliaram a toxicidade potencial dessas
substâncias. Assim, as evidências são limitadas.
Em relação às dificuldades de se alcançar uma
efetiva perda de peso com o uso de SNNA, tem
sido postulado, sem comprovação, a existência
de mecanismos compensatórios que envolvem:
estimulação fase cefálica da digestão (com aumento
da fome e apetite), efeitos nutritivo e osmótico (a
densidade de energia mais baixa e a menor carga
osmótica poderiam alterar a taxa de esvaziamento
gástrico, fatores da digestão e absorção), resposta
peptídica (a falta de macronutrientes resultaria em
menor saciedade), palatabilidade (estímulo ao maior
consumo de outros alimentos), sobrecompensação
(poupança de energia por redução da caloria
ingerida), perda do sinal de informação da regulação
da energia, ativação de recompensa, entre outros. A
conclusão é que os SNNA são alternativas atraentes e
seguras para o consumo, porque muitos deles não são
calóricos, não contribuem para o desenvolvimento
da cárie dentária, ajudam no controle do diabetes
e, se utilizados no conjunto de outras ações, podem
colaborar para a perda ponderal. Há poucos efeitos
adversos associados ao seu consumo. Os álcoois
podem ter efeito laxante se ingeridos em megadoses.
ESTILO DE VIDA
Frutose, mel, melaço
e xarope de bordo
são opções naturais,
mas são calóricos.
O mel pode ainda
conter
pequenas
quantidades
de
esporos de bactérias
que podem produzir
a toxina do botulismo,
por isso não deve
ser dado a crianças
com menos de um
ano de idade. Não há
evidências de que o
consumo de SNNA
esteja associado ao
desenvolvimento de
câncer,
Alzheimer,
diabetes, hipertensão,
doença vascular ou
outras
disfunções
importantes, contudo, a moderação em seu consumo
é a chave para o seu racional.
Referência: Gardner C et al. Nonnutritive sweeteners: current use
and health perspectives: a scientific statement from the American
Heart Association and the American Diabetes Association.
Circulation. 2012;126(4):509-19.
A verdade sobre os adoçantes
AHA e ADAapresentamposicionamento sobre a utilização de substitutos do açúcar na alimentação
Cardiologia da Mulher
Menopausa precoce prediz futuros eventos coronarianos e AVC. O multiétnico estudo de aterosclerose (MESA)
Foram selecionadas 2.509 mulheres do Cohort MESA, com faixa etária entre 45 e 84 anos, sem doença cardiovascular de base, com menopausa precoce caracterizada como
natural, ou após ooforectomia cirúrgica antes dos 46 anos de idade. Aquelas que tinham realizado histerectomia pura e não tinham informações seguras da presença da
menopausa foram excluídas. O estudo teve um seguimento de 57,3 meses acerca de possíveis intercorrências de doença cardiovascular ou AVC. Verificou-se também que:
tabagismo, DM e maiores IMC associavam-se mais com menopausa precoce. O estudo MESA concluiu que a Menopausa precoce se relacionava com risco duas vezes maior
de eventos cardiovasculares e AVC, independentemente dos fatores de risco tradicionais.
Fonte primária:
Menopause
Referência:
Menopause 2012;19(10): 1081-1087.
Orlando Medeiros
Presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher