Jornal SBC 130 | Maio 2013
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DIRETORIA
Tema é novo no Brasil, onde só três faculdades o incluem formalmente no currículo, enquanto 80 instituições
dos Estados Unidos têma cadeira Saúde e Espiritualidade
Com mais de 500 assinaturas, foi criado durante o
Congresso de Cardiologia Clínica o GEMCA – Grupo
de Estudos em Espiritualidade que, sob a coordenação
de vários colegas: Álvaro Avezum, Roberto Esporcatte,
Lucélia Magalhães, Mário Borba e Fernando Lucchese,
vai verificar cientificamente, por meio de pesquisa
epidemiológica e clínica, a associação e o efeito da
espiritualidade sobre doenças cardiovasculares.
“O corpo de evidência nacional e internacional sobre
essa correlação é volumoso”, garante Avezum, e há
grande interesse entre os médicos brasileiros, haja vista
o Simpósio Harold Koening, realizado no Congresso da
SBC do ano passado, cujo auditório para 150 pessoas
ficou lotado, tendo havido reclamações de quem não
conseguiu entrar.
Religiosidade
Avezum explica que aceita adesões que podem ser
feitas pelo Portal da SBC, mas ressalva que o objetivo
é avaliação de espiritualidade e religiosidade, mas
não religião. “Não há necessidade em avaliar a crença
religiosa, em particular, e sua associação com doenças
cardiovasculares, como entre católicos, protestantes,
judeus, espíritas, hindus ou muçulmanos”, diz ele. Mas
comprovar se também no Brasil se repete o que é
sugerido pela literatura científica internacional, que
pessoas com avaliação positiva sobre espiritualidade
e religiosidade apresentam melhor controle de fatores
Grupo de Estudos em Espiritualidade e Medicina
Cardiovascular já recebe inscrições
de risco cardiovascular, controle de pressão arterial
e melhor evolução livre de eventos clinicamente
relevantes, menos doenças cardiovasculares e melhor
qualidade de vida.
Para o especialista, o tema, com que todo médico
já se confrontou durante consultas, merece uma
avaliação científica adequada. Ressalta também que há
necessidadede avaliação científica denovos paradigmas
para melhor explicar o processo de adoecimento na
área cardiovascular, o que nos torna mais científicos e
menos dogmáticos.
Experiência no Dante
A experiência do especialista numgrupo de estudos
semelhante, no Dante Pazzanese, o credenciou
para dirigir o GEMCA, e ele lembra que no
Dante o grupo inclui católicos, espíritas, judeus,
muçulmanos, ateus e agnósticos, e mostrou que o
fato de alguém ser ateu não é impedimento para
que seja uma pessoa espiritualizada.
A proposta inicial do GEMCA é usar um questionário
desenvolvido nos Estados Unidos para avaliar a
espiritualidade dos sócios da SBC, de acordo com uma
escala que pontua a frequência a igrejas ou cultos, o
hábito de ter leituras voltadas para o tema, de orar, e a
atitude espiritual ou não com que enfrenta as questões
do cotidiano.
Debate já no Rio
Os integrantes do Grupo esperam ter as primeiras
respostas para serem apresentadas durante as duas
mesas-redondas sobre o tema, que já estão marcadas
durante o Congresso do Rio de Janeiro.
para as operadoras de planos de saúde demonstra,
de forma contraditória, o favorecimento da esfera
privada em detrimento da pública na prestação da
assistência à saúde.
José Xavier de Melo Filho
Diretor de Qualidade
Assistencial da SBC
josexavier@cardiol.br
Na mensagem dos médicos
direcionada
à
nação,
representantes do CFM
e dos 27 CRM apontam
medidas anunciadas pelo
governo federal que, se
implementadas,
podem
comprometer o futuro do
sistema de saúde brasileiro.
Entre as preocupações dos
Conselhos de Medicina
estão a possibilidade de
ingresso de médicos com
diploma estrangeiro sem a
devida revalidação.
Considera-se que essa medida fere normativas legais
e põe a qualidade da assistência em risco. Trata-se de
Mensagem à nação
DEFESA PROFISSIONAL
proposta improvisada, imediatista e midiática, que
ignora as questões estruturais do trabalho médico no
SUS e também o Revalida, exame criado pelo governo
e que tem avaliado com justiça a competência e a
capacidade desses médicos.
As entidades também criticaram a ausência de
uma carreira de Estado para o médico, considerada
a saída viável para a cobertura efetiva dos vazios
assistenciais.
Essa proposta, apresentada formalmente ao
Ministério da Saúde, prevê uma política funcional ao
médico e, principalmente, infraestrutura de trabalho.
Os Conselhos criticaram ainda a possibilidade de
estreitamento nas relações entre o governo e as
operadoras de planos de saúde. A intenção de reduzir
impostos, dar subsídios e destinar recursos públicos
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