Jornal SBC 128 | Março 2013
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DIRETORIA
Tragédia no RS motiva alerta sobre riscos de
aumento de DCV na região
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) fez um
alerta para a possibilidade do aumento de eventos
cardiovasculares nas semanas seguintes ao incêndio
na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
A recomendação partiu do Comitê de Emergências
Cardiovasculares e Ressuscitação da SBC, que é
coordenado por Sérgio Timerman.
Ele lembra que grandes tragédias, como a que ocorreu
na cidade de Santa Maria, desencadeiam, nas semanas
seguintes, uma elevação nos números de infartos e
derrames, em virtude do estresse excessivo pelo qual
familiares, amigos e a população em geral passaram.
Sérgio Timerman colocou à disposição uma análise
científica dos índices de infartos, mortes súbitas e
derrames que afetaram pessoas que estavam próximas
física e/ou emocionalmente dos grandes acidentes dos
anos recentes.
Diretriz
A SBC disponibilizou também no portal (www.
cardiol.br) um resumo da I Diretriz de Ressuscitação
Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares
de Emergência da Sociedade Brasileira de
Cardiologia, publicada no seguinte link: (http://
www . a r q u i v o s o n l i n e . c om . b r / 2 0 1 3 / 1 0 0 0 2 /
pdf/10002001.pdf )
OcoordenadordoComitêdeEmergênciasCardiovasculares
e Ressuscitação da SBC conta que trabalhos científicos
realizados após terremotos e tsunamis no Japão, depois
que homens-bomba fizeram atentados em Israel e durante
e depois dos atentados contra as Torres Gêmeas, em Nova
York, mostram que aumentou em até três vezes o número
demortes.
“O ‘
postraumatic stress syndrome’
e os estudos
mostram que pessoas que assistiram às tragédias,
parentes de vítimas e também bombeiros e policiais
envolvidos no atendimento têm possibilidade maior
de sofrer morte súbita decorrente de derrames ou
infartos nas semanas que se seguem à catástrofe”,
explicou Timerman.
Estudos internacionais comprovam o aumento de até três vezes em doenças cardiovasculares
em uma região que passou por trauma coletivo
O presidente eleito da Sociedade Portuguesa de
Cardiologia, Carlos Magalhães Silva Cardoso, acertou
um acordo com os coordenadores do projeto TECA,
Manoel Canesin e Sergio Timerman. A SBC vai
capacitar médicos e enfermeiros portugueses no
Treinamento em Emergência Cardiovascular Básico e
Avançado. O documento será assinado proximamente
e a capacitação começa no ano que vem.
O Ministério da Saúde do Brasil, por sua vez, firmou
acordo de cooperação com a SBC para o treinamento
de 2.500 profissionais de saúde utilizando os
programas desenvolvidos pela equipe coordenada
por Manoel Canesin e Sérgio Timerman. Já está
acertado que os primeiros grupos a serem treinados
serão do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Diretriz
Canesin explica que com Sérgio Timerman e Maria
Margarida Gonçalves prepararam a primeira Diretriz
Brasileira de Parada Cardiorrespiratória (PCR),
Urgência e Emergência Cardiovascular, cujo resumo já
está disponível e cujo texto integral será divulgado no
correr deste semestre, no site www.cardiol.br.
Sociedade Portuguesa de Cardiologia decide
adotar o TECA A em 2014
No Brasil, capacitação pelos TECA A e TECA B de 2.500 profissionais do Ministério da Saúde começará em abril
“Foi com base na Diretriz e levando em conta as
peculiaridades brasileiras que preparamos os TECA”,
explica Canesin. Segundo o coordenador, como o
Brasil tem pouquíssimas residências em emergência,
que não é contemplada adequadamente no
currículo das Faculdades de Medicina, os médicos
brasileiros precisam de um programa que ensine
como atender casos de infarto, AVC, insuficiência
cardíaca descompensada, arritmias, além de parada
cardiorrespiratória. “O profissional norte-americano,
por exemplo, já tem o treinamento de como conduzir
os pacientes no período imediato pós-PCR, mais
focado em sua formação acadêmica e residência
com esse conhecimento e necessita somente de um
programa que enfatize treinamento e reciclagem na
PCR”, explica.
Piloto e regionalização
Divulgado o TECA, a reação foi tão positiva que a
SBC se dedica agora a preparar monitores para o
programa de 18 meses, a ser desenvolvido junto
ao Ministério da Saúde, e também começar a
capacitação de sócios e população de médicos
como um todo, além da criação de filiais de
treinamento. Para isso, houve um curso piloto de
TECA na Faculdade de Medicina Anhembi-Morumbi,
em novembro de 2012, e outro curso foi feito em
Salvador no mês de fevereiro deste ano (Região
Nordeste), seguindo-se cursos para grupos de 32
profissionais de saúde em Londrina (Região Sul),
Belo Horizonte e Rio de Janeiro (Região Sudeste)
e em Belém (Região Norte), visando inicialmente
formar também instrutores em cada uma das cinco
regiões do país para posteriormente começar os
treinamento efetivos no Brasil.