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O termo “étude” (estudo) é utilizado na música para descrever
peças com foco na formação e aprimoramento técnico. Embora
de valor inestimável, muitos são apenas cansativas repetições
de notas. Os estudos de Chopin foram os pioneiros em aliar
o ensino à arte, motivando multidões ao estudo do piano.
Cada um dos seus 27 estudos ultrapassa o exercício técnico,
revelando uma musicalidade capaz de transformar as peças de
ensino em obras de concerto, elencando-as entre as músicas
eruditas mais adoradas em todo o mundo.
O Estudo Opus 10, n.3 emMi maior, conhecido como
“Tristesse”
,
foi composto em 1832 e considerado pelo próprio autor como a
mais bela melodia que havia criado. Embora muito executada,
é o talento e a sensibilidade de cada intérprete que determinam
a percepção da obra como um simples estudo para piano ou a
imortal melodia que emociona multidões.
Assim como na música, a nossa formação e o exercício da
profissão médica dependem do domínio da técnica e do
conhecimento, mas também de atributos como dedicação,
talento, criatividade e sensibilidade. Entre tantos professores,
os que mais nos lembramos são aqueles que, além das lições
técnicas, nos inspiraram a vislumbrar a profissão como arte,
nos despertaram o humanismo e nos ensinaram a ver além
da ciência. Em nossa prática médica, como nos estudos para
piano, a repetição e a rotina podem macular a inspiração e a
arte de tão nobre ofício.
A boa medicina se faz com conhecimento científico, mas não
só com ele. Como em um concerto, além das notas corretas, é
preciso ter inspiração e arte.
Tristesse
Palavra do Presidente
MARCUS VINÍCIUS BOLÍVAR MALACHIAS
Foto: Wikipedia
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