Encontros e
despedidas
“O homem é um animal político”, no sentido
de “
polis
” (cidade-Estado), ou seja, “um animal
social”, segundo Aristóteles. Para o filósofo, “o
todo deveria, necessariamente, vir antes da parte”.
Na visão aristotélica, possuímos predicados
necessários para alcançar a felicidade, a justiça, a
harmonia e o bem comum em sociedade.
“Imagine que não existam países… Nada pelo
que matar ou morrer… Imagine todas as pessoas
vivendo a vida em paz… Compartilhando o
mundo.” O ideal de “Imagine”, de John Lennon,
de um mundo unido e sem fronteiras, se torna a
cada dia mais distante, mas a sua mensagem não
deve ser esquecida.
OReinoUnidodecidiuabandonaraUniãoEuropeia.
Outros países europeus querem também realizar
seus plebiscitos. Há movimentos separatistas em
todo o mundo. A Palestina clama a justiça de sua
independência. O País Basco sonha em ser livre
da Espanha e da França; assim como a Catalunha
e a Galiza, da Espanha; a Córsega, a Bretanha e
também Mayotte, da França; a Sardenha, a Sicília,
Padânia e Seborga, da Itália; a Ilha da Madeira,
de Portugal; Flandres, da Bélgica; a Chechênia,
da Rússia; o Curdistão, da Turquia; Quebec,
do Canadá; a Caxemira, da Índia, Paquistão e
China; o Tibete, assim como Xinjiang, da China;
Tamil Eelam, do Sri Lanka, entre tantos outros
movimentos dissidentes mundiais.
No Brasil, resurgem movimentos separatistas,
como os que sonham com a independência do Rio
Grande do Sul, ou de toda a Região – RS, SC e
PR. Um grupo quer a independência do nordeste,
outro, da cidade do Rio, enquanto o “São Paulo
Livre” quer transformar o estado em país.
Em nossa profissão, em nossas entidades
médicas e mesmo nas especialidades, o mesmo
acontece. A proliferação de novas representações,
cada vez mais segmentadas, subespecialidades,
áreas de atuação e reservas profissionais,
embora muitas justas e necessárias, deve levar
em conta que a força do todo é maior do que a
das partes. A fragmentação, a inadimplência
e o descomprometimento com a participação
associativa têm antagonizado a conquista
de muitos ideais da representação médica,
favorecendo as forças antagônicas.
“E assim chegar e partir / são só dois lados da
mesma viagem / O trem que chega é o mesmo
trem da partida.“ Que os versos da canção de
Milton e Brant nos remeta à consciência de uma
maior convergência de rumos, de mais encontros
e menos despedidas, de menos individualismo
e maior agregação. Que as diferenças possam
enriquecer a busca das soluções. Afinal, como
bem definiu Rui Barbosa, “o direito não se impõe
somente com o peso dos exércitos, mas também,
e melhor, com a união dos povos”.
Palavra do Presidente
MARCUS VINÍCIUS BOLÍVAR MALACHIAS
