A voz que vem do coração
        
        
          Coração, o motor do sistema cardiovascular que escolhemos
        
        
          como especialidade, é muito mais que um emanharado de
        
        
          células. É o símbolo maior da vida, da saúde, dos sentimen-
        
        
          tos, entre os quais o maior deles, o amor. Representa ainda
        
        
          a essência, a sensibilidade, a verdade, o ritmo. Esse órgão,
        
        
          que pulsa a uma incrível cadência de 100 mil batimentos por
        
        
          dia, exprime o próprio compasso da vida, ora mais rápido
        
        
          para acompanhar o presto do dia a dia, ora mesmo o “allegro
        
        
          assai vivace” da emoção de um beijo. Mas o coração tam-
        
        
          bém sabe entoar um “adaggio” quando é hora do acalanto
        
        
          ou um “largo maestoso” quando chega o sono ao fim do dia.
        
        
          É curioso pensar que o coração começa a bater com pou-
        
        
          cas semanas de fecundação, ainda no útero materno, e nos
        
        
          acompanha até os últimos arpejos da vida, indo muitas vezes
        
        
          até além do nosso fim, pois pode ser transplantado levando a
        
        
          luz da vida a outra pessoa.
        
        
          Na Bíblia Sagrada, a palavra “coração” aparece 876 vezes,
        
        
          como em “o bom homem tira boas coisas do bom tesouro de
        
        
          seu coração”.
        
        
          O Alcorão nos diz que “obedecer às paixões leva à não sa-
        
        
          bedoria, enquanto que a obediência ... a sede da sabedoria
        
        
          é o ‘coração’”. “Em verdade, é na lembrança de Deus que o
        
        
          coração encontra conforto.”
        
        
          Na Torá, a primeira palavra é “bereshit”, que significa “no
        
        
          princípio” e começa com a letra “beit. A última palavra da
        
        
          Torá é “Yisrael”, que termina com a letra “lamed”. Quando
        
        
          juntamos a primeira e a última letra da Torá, temos “lev”, a
        
        
          palavra hebraica para coração.
        
        
          De acordo com o hinduísmo e o budismo, o corpo humano
        
        
          possui sete “centros de força” utilizados para a recepção e
        
        
          transmissão de energias. Estes são conhecidos como cha-
        
        
          cras. “Anahata” é o “chacra do coração”, simbolizado por
        
        
          uma flor circular com doze pétalas verdes que representa a
        
        
          união do masculino e do feminino.
        
        
          Quantas lindas palavras surgiram a partir do coração: “cor”,
        
        
          que ornamenta a vida em seus muitos tons; “acordar”, nos
        
        
          despertando para o novo, o belo e o essencial; “recordar”,
        
        
          resgatando a memória das pessoas e dos momentos; “cor-
        
        
          dialidade”, a fundamental forma de nos relacionarmos como
        
        
          mundo e com nossos pares; “acordes”, a combinação de no-
        
        
          tas que fazem a harmonia de todas as músicas que existem;
        
        
          e “coragem”, que nos traz a força para enfrentar os constan-
        
        
          tes desafios.
        
        
          Mas se é com alegria que celebramos as primeiras batidas
        
        
          de um coração anunciando a chegada de uma nova vida, é
        
        
          com tristeza e comoção que recebemos a notícia de que,
        
        
          após trilhões de pulsações, o coração encerra a sua melodia.
        
        
          Mas há quem, como eu, acredite que a voz do coração nunca
        
        
          se cala, pois quando isso acontece, apenas perde uma só
        
        
          letra e se transforma em “oração”.
        
        
          Palavra do Presidente
        
        
          MARCUS VINÍCIUS BOLÍVAR MALACHIAS
        
        
          Foto: Pedro Vilela
        
        
          Leitor
        
        
          Críticas, elogios, sugestões para o
        
        
          Jornal SBC
        
        
          podem ser enviados para: 
        
        
        
          O sócio remido da SBC Carlos Peres da Costa encaminha
        
        
          e-mail parabenizando a diretora Gláucia Moraes de Oli-
        
        
          veira pelo cargo recentemente assumido de presidente da
        
        
          Federação das Sociedades de Cardiologia de Língua Por-
        
        
          tuguesa (FSCLP). Na mensagem, Carlos Peres da Costa
        
        
          aponta um erro na entrevista feita com Gláucia e publicada
        
        
          na edição número 167 deste
        
        
          Jornal SBC
        
        
          , onde lusófonos
        
        
          foram citados como luso-descendentes. Para os eventos
        
        
          da FSCLP são convidados cardiologistas das cinco na-
        
        
          ções que fazem parte da Federação, além de especialistas
        
        
          de Macau, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe e lusófonos
        
        
          de Goa e Venezuela.
        
        
          O sócio José Nicoliello Viotti entrevistado para a coluna “Co-
        
        
          ração Valente” encaminhou carta ao presidente da SBC.
        
        
          “Com orgulho de mineiro e cardiologista, acompanho a sua
        
        
          brilhante trajetória na condução da nossa SBC. Ao longo de
        
        
          sua vida profissional, foram tantas as oportunidades em que
        
        
          pôde demonstrar sua capacidade administrativa, fineza e
        
        
          educação no trato com o próximo, além de sua elegância
        
        
          pessoal que enaltece a Sociedade que representa. Você,
        
        
          com a sua capacidade inovadora, criou esta página Cora-
        
        
          ção Valente, que veio servir de estímulo aos colegas que,
        
        
          vivenciando períodos nebulosos em suas vidas, encontrem
        
        
          estímulo para continuarem lutando”.