Jornal SBC 189 | Abril 2018

publicado no Journal of the American College of Cardiology (JACC) 1 , de 5 anos para cá foram publicados impor- tantes trabalhos epidemiológicos so- bre fatores genéticos que mostraram que a Lp(a) está associada, de forma idependente, às doenças cardiovas- culares (DCV) e à estenose aórtica. Mais ainda: o fator está alterado em uma a cada cinco pessoas, principal- mete da raça branca. “Sem dúvida, o LDL colesterol é ainda pior – três vezes mais potente para o infarto do miocárdio, mas estudos recentes e robustos mostraram clara associação independente da Lp(a) com a DCV e a estenose aórtica, o que passou a explicar uma série de casos de indiví- duos saudáveis, sem fatores de risco e que tiveram doença cardiovascular antes dos 50 anos”, afirma Santos. Atualmente, devem ser solicitados exames específicos sobre a Lp(a) para pacientes com hipercoleste- rolemia familiar, história familiar de doença arterial coronária prematura ou história familiar de Lp(a) elevada e doença cardiovascular recorrente, apesar da terapia ideal para abaixa- mento de lipídios. Porém, muitos la- Raul Santos boratórios ainda não possuem uma padronização dos resultados: “podem existir até 40 tipos diferentes de Lp(a) no sangue e muitos métodos os en- xergam como uma coisa só. Além disso, alguns apresentam resultados em miligrama/decilitro e outros em nanomol/litro. Ainda não existe uma metodologia perfeita”, esclarece. Apesar de seu aumento ter impacto na saúde, já que está ligada a uma série de doenças, muita coisa ainda precisa ser esclarecida. Não existem provas cabais se a diminuição da Lp(a) reduzirá eventos cardiovascula- res. Medicamentos, como a niacina e os inibidores da PCSK9, baixam os ní- veis da Lp(a) em apenas 25%, e isso provavelmente não seria o suficiente. Recentemente, um medicamento es- pecífico, que bloqueia o RNA mensa- geiro da apo(a), o que pode baixar em até 80% o nível de Lp(a) no sangue, está sendo testado em fase 2 e, no futuro, deverá ser realizado um estu- do clínico para ver se poderá reduzir eventos cardiovasculares. E o que se deve fazer em caso de confirmação de aumento da Lp(a)? Para Raul Santos, controlar os fatores de risco clássicos e tentar baixar LDL colesterol o máximo possível, ainda é o caminho. “A ideia é diminuir riscos associados”, conclui o especialista. 1 Tsimikas S,  Fazio S,  Ferdinand KC, Ginsberg HN, Koschinsky ML, Marco- vina SM, et al. NHLBI Working Group Recommendations to Reduce Lipo- protein(a)-Mediated Risk of Cardio- vascular Disease and Aortic Stenosis. JACC. 2018;71(2). DOI: 10.1016/j. jacc.2017.11.014 11

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=