Jornal SBC 187 | Fevereiro 2018

Palavra do Presidente OSCAR DUTRA Foto: Daniel Martins Quais as vantagens de investir na criança do zero aos 6 anos? Preservar o futuro de uma nação James Heckman, Nobel de Economia em 2000, re- centemente fez importantes considerações sobre o quanto deveríamos investir na infância e o que isto pode representar ao desenvolvimento de uma nação. Programas sociais dirigidos a infância foram meto- dologicamente avaliados por este economista. Suas conclusões são instigantes, visto que ponderam e sustentam que investimento intrauterino é primor- dial, podendo ser negativo ou positivo desde este momento evolutivo, e estando vinculado à vida ma- terna saudável e disciplinada. Heckman lembra que a criança apresenta desenvolvi- mento fantástico até os 5 e 6 anos. As famílias pobres, infelizmente, não recebem informações básicas para enfrentarem o desafio de cuidarem adequadamente da criança, fato que se associa ao reduzido número de creches e escolas nos países em desenvolvimento. Quem não investe na primeira infância tem menores níveis de educação, o que leva a maior criminalidade e taxas de gravidez na adolescência mais altas, além de menor adesão ao ensino médio e pouca produtivi- dade no mercado de trabalho. Na década de 1960, o governo americano, preocu- pado com o pouco cuidado da tenra infância, por meio do Plano Perry, passou a assistir a população de muito baixo poder aquisitivo. Este plano ajudou famílias inteiras, levando a elas informações, boas práticas e valores essenciais, além de demonstrar o quanto a escolaridade é importante para a supera- ção da pobreza. Interessante é que esta teia, que envolve a aproxi- mação com a população, é muito bem difundida pelo programa de saúde brasileiro, o qual poderia ser o vetor de disseminação destes conhecimentos. No entanto, existe a necessidade premente de inves- timento nos professores, qualificando-os cientifica e financeiramente. O moderno conceito de desenvolvimento de habili- dades “socioemocionais” tem de ser divulgado, tanto a nível escolar, como no lar. Habilidades cognitivas estão intimamente relacionadas a resiliência, auto- controle e trabalho em equipe. O bom professor realiza a concomi- tância do fazer aprender a sole- trar, ler e escrever, como tam- bém modula a interação entre colegas na formação de vín- culos e lida com emoções, fa- cultando bases para o sucesso. Por outro lado a exagerada prote- ção familiar pode levar ao erro. De- vemos experimentar também os fracassos, e não só vitórias, ma- terial essencial ao aprendizado. “Não investir na infância não é uma decisão economicamente inteligente“. Referência: Revista Veja 3

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