Jornal SBC 186 | Janeiro 2018

Relação Médico Paciente por Protásio Lemos da Luz Protásio Lemos da Luz é professor sênior de Cardiologia do InCor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP Estive no Congresso da American Heart Association , em Anaheim, há 1 mês. Procurei visitar principal- mente a área de ciências básicas; que foi apresentada praticamen- te como pôsteres. Constata-se um fato comum a todos os países de- senvolvidos (Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e Japão): os estu- dos se concentram em mecanismos intracelulares. Estudam-se meca- nismos de regulação enzimática, sinalização intracelular, comparti- mentos sub-celulares como retículo endoplasmático e outros. Para isto empregam-se técnicas de marcação molecular, ressonância magnética, metabolômica, espectroscopia de massa e outros para entender sis- temas que regulam a fisiologia e a fisiopatologia humanas. A comparação com o estado atual da ciência brasileira é aterradora. Com raras exceções, nossas universida- des, escolas médicas e institutos estão muito distantes desta ciên- cia moderna. Falta-nos, sobretudo, apoio governamental – já que temos bom número de pesquisadores. Pó- rem, os laboratórios estão fechados, os pesquisadores deixam o país, e os que estão fora não querem voltar; não têm perspectiva. Este é o resul- tado da política populista dos últimos anos, do populismo universitário que despreza a meritocracia*. Há um fato histórico: nenhum país saiu de crises profundas como a nossa atual sem investir em educa- ção e desenvolvimento tecnológico. No entanto, o Brasil permanece ig- norando as lições da História. Esta teimosia cega custa muito caro. Pre- cisamos, todos, reagir a estas políti- cas retrógradas para que o país não caia no obscurantismo total. Um Abismo * Abdalla E. Por que não atingimos a “classe mundial”? http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral ,por-que-nao-atingimos-a-classe-mundial,70002092637 21

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