Jornal SBC 186 | Janeiro 2018

Vinhos do Velho Mundo Viagens do Coração Os sabores da França e da Itália ao longo da história Foi durante a residência médica, no Instituto Dante Pazzanese, em 1979, que Humberto Campos se apaixonou por vinho. E se decepcionou com os produtos nacionais da época. “Os bons vi- nhos europeus não chegavam aqui. Eu gostava de um ou outro chileno e me aprofundei no tema. Porém percebi que as grandes importadoras de São Paulo e Rio de Janeiro ofereciam produtos caros e de baixa qualidade”, conta. Como viajava bastante, o cardiologista de Juiz de Fora (MG) co- meçou a comprar garrafas lá fora e trazer para os amigos e para o consumo próprio. No entanto, foi na França e na Itália que encontrou os ‘produtores ideais’, visitando pequenas vinícolas. “Há 2 anos, trouxe uns 20 rótulos e levei para duas revistas tra- dicionais do ramo, em São Paulo, com enólogos sérios e isentos. Para minha surpresa, de cara recebi um prêmio. Este ano já fui premiado diversas vezes”, conta Campos, orgulhoso. O que começou como hobby , acabou virando um negócio. Hoje, a importadora Vinhos do Comendador tem mais de 9,5 mil garra- fas de 26 produtores diferentes, todos franceses e italianos. “Eu gosto de cozinhar e harmonizar com os vinhos. Minha adega é em casa, refrigerada a 16º e com umidade controlada”. E de onde vêm estas preciosidades? Montepulciano, na Toscana, produz um dos melhores tintos do mundo, o Il Conventino. “É uma cidade histórica fantástica, que fica a poucos quilômetros de Firenze. O prato típico que harmo- niza com este vinho é uma massa do próprio local servida com molho de javali”, conta Humberto. De Piemonte, no norte da Itália, vêm outros dois vinhos maravi- lhosos: o Nebbiolo e o Dolcetto D’Alba. “Os dois harmonizam com a fantástica culinária da região, um dos pratos seria o Agnolotti”. “E se optar por conhecer a região do Friuli – um dos cinco rotei- ros mais lindos do mundo – traga um tinto Cabernet e um bran- co, produzido com uma uva típica local, a Friulana”, sugere. Campos destaca também que nos arredores de Verona, uma das mais encantadoras cidades do mundo, é produzido o Mar- cello, vinho tinto do Veneto. Na composição entra a uva autócto- ne, chamada Marzemino, uva preferida do compositor Wolfgang Amadeus Mozart. Já na França, Bourgogne é responsável pelos vinhos conside- rados os mais elegantes e sofisticados do mundo, produzidos com a uva Pinot Noir. “Um dos tintos desta região era servido na embaixada brasileira em Paris, quando o Fernando Henri- que Cardoso era presidente”, destaca. Estes vinhos harmonizam com o prato típico coq au vin . E do ensolarado e lindo Vale do Rhône vem o Chateuneuf-du- -Pape (“o novo castelo do Papa”), um vinho produzido na região desde que Avignon virou a sede papal, em 1309, onde perma- neceu por 67 anos. Bisteca a Fiorentina, prato mais representativo da bela Toscana, berço do Il Conventino Humberto Campos em Bourgogne, região francesa que produz os vinhos mais famosos do mundo 22

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