Jornal SBC 192 | Julho 2018

Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (DERCAD-Socerj). Durante 11 anos, foram colhidos dados de 247 joga- dores de futebol (goleiro, zagueiro, lateral, meio-cam- po e atacante) de um time da série A do Campeonato Brasileiro. Destes, foram selecionados 198 atletas que completaram um teste cardiopulmonar de exercício ver- dadeiramente máximo em esteira rolante. Os autores encontraram POC (média ± desvio padrão) de 18,2 ± 2,1, a uma velocidade 4,3 ± 1,4 km.h -1 menor do que a do LA. Enquanto o volume de oxigênio máximo (VO 2 max; 62,1 ± 6,2 mL.kg -1 .min -1 ) tendeu a ser menor nos goleiros (p < 0,05), o POC não variou conforme a posição em campo (p = 0,41). Chamou atenção não ter havido associação entre POC e VO 2 max (r = 0,032, p = 0,65) e nem com LA (r = -0,003; p = 0,96). “O POC já se mostrara um bom preditor de mortalida- de por todas as causas em indivíduos saudáveis e não saudáveis de mais de 50 anos de idade. Agora, o atual estudo mostra que praticamente todos os jogadores de futebol possuem valores baixos de POC (resultado favorável na fisiologia) e que não há variação entre as posições em campo, nem entre duas medidas obtidas com o intervalo de 1 ano. Também não há associa- ções muito fortes com outros índices aeróbicos, como o consumo máximo de oxigênio ou o limiar anaeróbico. É possível que um POC baixo seja um fator importante para manter níveis adequados de performance ao lon- go dos 90 minutos de jogo”, explica Claudio Gil Soares de Araújo. Para o médico, os resultados mostram que é importante ter um POC baixo para ser um bom jogador profissional de fu- tebol, independentemente da posição em campo. “Em pers- pectiva futura, o POC pode vir a se tornar a variável fisiológica mais importante a ser obtida no teste de esforço em outros tipos de atletas ou exercitantes, como os de provas longas − maratonas ou triatlos, nas quais, a intensidade do esforço é mantida em níveis submáximos por várias horas. E, então, a economia de N litros de ar inspirado poderia ser muito relevan- te para reduzir ou retardar a fadiga”, conclui Araújo. O artigo recebeu dois editoriais de renomados autores es- trangeiros, um finlandês e outro português. Público Leigo O POC foi originalmente proposto em estudo publi- cado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, em 2012. Naquela ocasião, os resultados de mais de 600 homens e mulheres saudáveis foram utilizados para avaliar o comportamento do POC, isso é, a menor quantidade de ar que um indivíduo precisa respirar para consumir 1 L de oxigênio, ou seja, o ponto fisioló- gico de melhor interação respiração-circulação. Confira :http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext &pid=S0066-782X2012001400004&lng=en&nrm=i so&tlng=pt#end 10

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