Jornal SBC 190 | Maio 2018

Modelo Idec A proposta, realizada em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), sugere que se inclua um selo de advertência, na parte da frente da embalagem de alimentos processados e ultraprocessa- dos (como sopas instantâneas, refrigerantes, biscoitos etc.), indicando quando há excesso de açúcar, sódio, gorduras totais e saturadas, além da presença de ado- çante e gordura trans em qualquer quantidade.  Os critérios para inclusão dos nutrientes críticos aborda- dos no modelo foram baseados nas metas de ingestão de nutrientes para a população (MINPs) estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para preven- ção da obesidade e das doenças crônicas não transmis- síveis (DCNT) relacionadas descritas em dieta, nutrição e prevenção de doenças crônicas, uma publicação da OMS e da Food and Agriculture Organization (FAO), que indica quais nutrientes devem ser analisados e informa os níveis máximos aceitáveis de consumo. Na opinião do coordenador do Departamento de Nutri- ção da SBC, Daniel Magnoni, o modelo de advertência se destaca e se sobrepõe ao alimento, comprometendo a percepção de informações que podem interessar ao consumidor. “O modelo do semáforo nutricional quan- titativo, proposto pela Abia, fornece informações para que o consumidor faça suas escolhas alimentares. Já o modelo baseado em advertência do Idec é pouco de- mocrático, tira a escolha do consumidor e faz essa es- colha por ele, na medida em que passa a mensagem do que pode ou não ser consumido, com informações vagas, como ‘muito’, ‘alto’ e outras mensagens taxati- vas”, avalia. Modelo Abran A Abran propôs à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o modelo Nutri-Score, desenvolvido pela Univer- sidade Paris XIII, e que passou a ser utilizado na França recentemente. Ele avalia cada alimento de acordo com sua densidade nutricional, ou seja, a qualidade nutricio- nal como um todo, incluindo os ingredientes bons e ruins para a saúde. A diferença entre os modelos Nutri-Score e Semáforo Nutricional Quantitativo é que o defendido pela Abran usa também letras. “Nos estudos realizados pelo setor de alimentos, o Nu- tre-Score chegou a ser considerado, mas, após muitas discussões, a conclusão foi de que o Semáforo Nutricio- nal Quantitativo da Abia seria a forma mais didática e descomplicada de informar e empoderar o consumidor, para que ele faça suas escolhas”, afirma Magnoni. Segundo o coordenador do Departamento de Nutrição, “a SBC é a favor de uma mescla dos três. O do Idec é muito punitivo e não é educacional. O Semáforo da Abia é bom. E o modelo francês, apesar de bom, é muito complexo para o entendimento do brasileiro”. Educação da população Para Daniel Magnoni, tão importante quanto o novo ró- tulo é o governo federal investir em comunicação edu- cacional. “Junto do mecanismo de mudança da rotula- gem, precisa haver a comunicação de como o brasileiro deve ler este rótulo: a pessoa aprende a interpretar aquelas informações, passa a comer melhor e a ter me- nos doenças”, finaliza. 11

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