Jornal SBC 194 | setembro 2018
Isabela Cardoso Pimentel Mota é Nutricionista com Título de Especialista em Nutrição em Cardiologia. Especialista em Distúrbios Metabólicos e Risco Cardiovascular pelo CEU. Coordenadora de Nutrição no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Óleo de coco virgem (OCV) e a prevenção cardiovascular Várias alegações de saúde têm sido atribuídas ao óleo de coco virgem (OCV) pela mídia, entre elas a preven- ção cardiovascular. O aprofundamen- to da análise indica que o principal áci- do graxo que compõe o OCV (48%) é o ácido láurico (C 12:0), um ácido gra- xo saturado que apresenta compor- tamento metabólico, em parte similar ao dos ácidos graxos de cadeia média (AGCM) e, em parte, ao dos de cadeia longa (AGCL). Enquanto a fração de ácido láurico com comportamento si- milar aos AGCM é absorvida direta- mente para a circulação, cerca de 70% restantes necessitam da incorporação em quilomícrons (QM) para alcançar o fígado. Os QM remanescentes esti- mulam a produção de lipoproteína de densidade muito baixa-colesterol (VL- DL-C) e de lipoproteína de baixa den- sidade-colesterol (LDL-C). O ácido láurico tem grande capaci- dade de afetar a concentração das lipoproteínas do sangue (LDL-C e lipoproteína de alta densidade-co- lesterol − HDL-C). Em indivíduos saudáveis, observa-se maior eleva- ção de LDL-C naqueles que utilizam o óleo de coco em comparação ao óleo vegetal, fonte de ácidos graxos poli-insaturados. Já em mulheres obesas jovens em dieta hipocalórica e com recomendação de atividade física, o consumo de óleo de coco não indica alterações nas frações lipídicas. A variação do efeito meta- bólico restringe seu uso como subs- tituto do óleo de soja, do milho, do girassol ou canola, e sua inclusão na rotina alimentar com o objetivo de prevenir a doença cardiovascu- lar não é recomendada. Trata-se de alimento com forte poder ascensor da fração LDL-C, sem exisitirem, até o presente momento, efeitos benéfi- cos compensatórios conhecidos. O texto completo pode ser conferi- do no endereço: http://jornal.cardiol . br/2018/setembro/grupo-de-nutri- cao-e-terapia-nutricional.html Referência: Sacks FM, Lichtenstein AH, Wu JHY, Appel LJ, Creager MA, Kris-Etherton PM, Miller M, Rimm EB, Rudel LL, Robinson JG, Stone NJ, Van Horn LV; American Heart Association. Dietary Fats and Car- diovascular Disease: A Presiden- tial Advisory From the American Heart Association. Circulation. 2017;136(3):e1-e23. Erratum in: Circulation. 2017;136(10):e195. Nutrição por Isabela Cardoso Pimentel Mota 35
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