Jornal SBC 201 | abril 2019

Protásio Lemos da Luz é Professor Sênior de Cardiologia do InCor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Reforma da previdência imperativa A discrepância entre aposentadorias de deputados, sena- dores, servidores públicos e profissionais da área privada, como professores universitários, professores do Ensino Médio e trabalhadores braçais, é simplesmente assusta- dora no Brasil. Enquanto alguns se aposentam com mais de 30 mil/mês, uma professora primária, um trabalhador comum ou um professor universitário não recebem nem o teto atual, que é R$5.830,00. Será que um professor que, durante anos, ensinou gera- ções de jovens, com a maior modéstia, tem menos méri- to que um político que trabalhou alguns anos cercado de mordomias? Nenhum país tolera tais injustiças. Isso só se explica porque os legisladores agiram em causa própria, sem nenhum respeito pelo país. A reforma proposta pelo ministro Guedes – segundo a maioria dos analistas – é muito boa, justa e, sobretudo, necessária. Sem as correções propostas, o país não tem como progredir e ajustar contas públicas, mas prin- cipalmente, não poderá investir em áreas prioritárias, como saúde, segurança e educação. Nós, médicos, que lidamos com as limitações do Sistema Único de Saúde (SUS) e com o sofrimento das pessoas mais pobres, somos testemunhas das necessidades nesta área. No entanto já se notam objeções à reforma, baseadas em falsos argumentos, como o de que a previdência não é deficitária. É impressionante como alguns não têm qualquer pejo em defender privilégios, interesses corporativos e simples interesses pessoais. Vemos po- líticos claramente querendo negociar o apoio, em troca de concessões especiais. Em contraposição, pesqui- sas de opinião pública mostram que a sociedade, em sua maioria, quer as reformas. Nessa hora, é preciso que os médicos se manifestem apoiando a reforma; é preciso levar a mensagem aos deputados e senadores, para que eles, de fato, representem o povo e votem pe- las mudanças necessárias, sem demora e pensando no país. Relação Médico Paciente por Protásio Lemos da Luz 23

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