Jornal SBC 201 | abril 2019

aumentada, a depressão continua sendo pouco diagnos- ticada na prática diária. Vale ressaltar que, muitas vezes, os sintomas somáticos (queixas de dor precordial, palpita- ções, alterações gástricas ou intestinais, perda de peso, cansaço, astenia e mal-estar indefinido) são mais expres- sivos do que aqueles relacionados à esfera psíquica, o que pode mascarar ou dificultar o diagnóstico. A depressão é uma doença persistente e recorrente, que impõe grande sofrimento às pessoas afetadas e à famí- lia, com importante impacto negativo em suas funções la- borativas e qualidade de vida. Infelizmente, a depressão ainda é considerada pela sociedade e mesmo por alguns profissionais na área de saúde como algo que pode ser superado por esforço próprio do paciente, não requerendo, portanto, tratamento. Ao contrário dessa crença, sabe-se, hoje, que a depressão não só agrava a hipertensão como também diminui a resposta ao seu tratamento, além de au- mentar a mortalidade cardiovascular. Embora uma relação médico–paciente empática seja fundamental na abordagem de qualquer doença, na de- pressão ela se torna mais importante, uma vez que o diag- nóstico não se faz com exames complementares e sim escutando o paciente com sensibilidade, no sentido de acolher seu sofrimento, que, embora não possa ser men- surado por meio de exames, é devastador. Portanto, faz- -se necessária uma abordagem abrangente que permita não apenas o diagnóstico e o o tratamento, mas também um esclarecimento sobre a enfermidade, mostrando que a depressão não é “uma fraqueza de caráter”, mas uma doença que requer orientação terapêutica individualizada. Devemos lutar por uma maior conscientização dos pacien- tes, de seus familiares, e também da classe médica em geral, no sentido de desmistificar o tema, pois, apesar de já existirem medicações e suporte psicoterapêutico eficazes, é lamentável que, em pleno século 21, a depressão ainda seja subdiagnosticada e, consequentemente, não tratada, o que, além do impacto negativo sobre a saúde, dificulta o controle de todas as doenças associadas.  Para complementar, é importante informar que já existem alguns estudos e dados da Organização Mundial de Saú- de (OMS) mostrando também o grande crescimento da associação da depressão nos pacientes diabéticos. Como mensagem de otimismo, tenha sempre em mente o ve- lho adágio popular: “É melhor prevenir do que remediar”. E como fazê-lo? Tenha seu cardiologista de confiança e realize logo cedo os princípios básicos da prevenção das doenças cardiovasculares, cuja depressão é fator tanto desencadeante, quanto complicador. Agindo assim, com rigor e disciplina, o resultado não poderá ser outro: longe- vidade com boa qualidade de vida! 28

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