Jornal SBC 205 | agosto 2019

Cirurgia cardíaca e tecnologia disruptiva Cirurgia Cardíaca por Domingo Braile Domingo Braile é Professor Emérito da Faculdade Estadual de Medicina de Rio Preto e Sênior da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Pró-Reitor de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP); editor do Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery. A cirurgia cardíaca foi, durante mais de 40 anos, considerada o ápice dos procedimentos cirúrgicos. Os candida- tos à residência concorriam entre os melhores cérebros, para se dedicar à especialidade. Cada operação bem-su- cedida era uma vitória para o cirurgião. Um dos mais brilhantes pioneiros, Denton Cooley, dizia que “só pelo fato de o paciente deixar-se operar já era uma grande recompensa para o cirurgião”. A história começou a mudar em 1978, quando um radiologista e um cardio- logista Andreas Grüntzig, auxiliado pelo engenheiro Heinrich Hopf, minia- turizaram um cateter balão que per- mitia desobstruir artérias coronaria- nas estenosadas. Tratava-se de uma “tecnologia disruptiva”. Os cirurgiões, como pode aconte- cer com profissionais consagrados, não acreditaram na nova tecnolo- gia, que se desenvolveu a ponto de mudar o conceito de “cirurgião cardíaco”, com o advento do “novo cirurgião cardíaco” mantendo as atividades clássicas, mas introdu- zindo em seu portfólio as novas tec- nologias minimamente invasivas. Nutricionista especialista em distúrbios metabólicos e risco cardiovascular. Mestranda em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo. Coordenadora da Nutrição Hospitalar do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Membro do Grupo de Nutrição e Terapia Nutricional da SBC. Risco nutricional e hospitalização em cardiologia A obesidade precede a maioria dos fatores de risco clás- sicos que levam ao indivíduo a manifestar a doença ate- rosclerótica, sendo recomendado preveni-la ou tratá-la. Entretanto, ao necessitar de hospitalização, a assistência nutricional, mesmo dos pacientes obesos, merece um novo olhar. O risco nutricional se refere ao risco aumen- tado de morbimortalidade em decorrência do estado nutri- cional. A triagem nutricional identifica indivíduos desnutri- dos ou em risco de desnutrição, almejando determinar se é necessária a avaliação nutricional mais detalhada. Mes- mo entre obesos, a grande velocidade de perda de peso recente, somada à presença de baixa ingestão alimentar, indica a necessidade de intervenção nutricional que inter- rompa a perda de peso não intencional. Durante a hospi- talização, diversos fatores, incluindo mobilidade reduzida e diminuição do consumo alimentar, estimulam a redução da musculatura esquelética, o aumento da fragilidade em idosos, o maior risco de infecções e, por consequência, o aumento do período de internação. Dentre as diversas fer- ramentas para triagem do estado nutricional, ressalta-se o Nutritional Risk Screening  2002, que pode ser aplicado a todos os pacientes internados em hospitais, indepen- dentemente da doença que apresentem ou da idade, sem custo adicional ao serviço, e que pode ser efetuada por diferentes profissionais.  Referência Raslan, M, Gonzalez, MC, Dias, MC, Paes-Barbosa FC, Cecconello I, Waitzberg DL. Aplicabilidade dos métodos de triagem nutricional no paciente hospitalizado. Revista de Nutrição. 2008;21(5):553-61. Nutrição por Isabela Cardoso Pimentel Mota 30

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