Jornal SBC 205 | agosto 2019

O aumento da expectativa de vida da população mundial é fato notório, tanto quanto a noção de que, apesar de a gerontologia ser um segmento da medicina que busca compreender e tratar os vários problemas e patologias que contemplam o envelhecimento, é também um ramo que podemos considerar ainda recente entre as especia- lidades médicas. Embora saibamos que envelhecer é o caminho de todos, durante muitos anos os avanços e as pesquisas médicas deixaram de lado esse grande grupo de estudo, o que resultou no desconhecimento sobre os mecanismos envolvidos em sua gênese. O homem envelhece o corpo e a mente, em suas relações com a sociedade. Envelhece mentalmente por conta de sua história genética, mas envelhece também, de forma muitas vezes mórbidas, em função de outros fatores bio- lógicos, como agressões traumáticas, diminuição das for- ças físicas e outras. Também envelhece fisicamente por meio de alterações maiores que o limite considerado normal para determina- da idade, com tendência à evolução mais rápida do que aquilo que se considera fisiológico. Felizmente, dentre os grandes avanços da ciência médi- ca, impõe-se a preocupação com esse grupo da popula- ção mundial formado hoje pelos idosos. O final do século 20 foi marcado pela explosão de medi- das protetoras que visam postergar a morte. É também sobre essas questões que sugerimos a reflexão de nos- sos leitores para esse assunto tão palpitante, dos dias atuais, e no qual a especialidade cardiológica se insere com papel importante em seus programas de prevenção e tratamento, que envolvem todos os contextos da medi- cina e, principalmente, no que se concerne ao processo do envelhecer. O processo do envelhecimento e suas alterações nos di- versos sistemas orgânicos comprometem de forma mais agressiva os sistemas cardio/circulatório e degenerativos, preferencialmente, do coração e do cérebro, com evidente comprometimento de alterações dos diversos sistemas or- gânicos. Os estudos e as pesquisas da atualidade mostram alterações fisiológicas, e muitas das quais acarretam maior incidência de diversificadas patologias, afetando de ma- neira adversa a qualidade de vida da população idosa. Ou seja, o médico atual, principalmente o cardiologista, deve buscar rumos muito além de sua especialidade, com um ecletismo de conhecimentos sob o universo multifacetado do organismo humano. Em suma, um bom conhecimento, firme e seguro, dessas alterações e mecanismos imprevi- síveis do paciente que atinge a senilidade naturalmente o conduzirá a prevenir ou amenizar as repercussões negati- vas na saúde dos que atingem a senectude e senescência. Um conselho final: iniciando cedo todo um processo de medidas preventivas, estaremos todos dirimindo e/ou amenizando esse processo inevitável da vida e contribuin- do, consequentemente, para caminhos alvissareiros, que não é outro senão a longevidade com boa qualidade de vida. Tenha seu médico de cabeceira, isso é fundamental! Crônicas do Coração por Fernando Lianza Dias Crônicas do Coração por Fer a ia za ias Fernando Lianza Dias é especialista em Cardiologia pela SBC/AMB, médico Preceptor de Cardiologia, Chefe do Serviço de Risco Operatório do Hospital Universitário Lauro Wanderley da UFPB, Diretor Científico da Cardioclin e Coordenador do Núcleo de Prevenção das Doenças Cardiovasculares no Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal Da Paraíba (UFPB). Expectativa de vida e envelhecimento 31

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