Jornal SBC 199 | fevereiro 2019

Os cientistas e pesquisadores buscam há mais de um sé- culo as origens do mal de Parkinson e a misteriosa causa pela qual esses neurônios específicos morrem. No entanto, a maioria dos cientistas agora aceita que uma combinação de genes, estilo de vida e fatores ambientais desencadeia a doença. Foi em estudos utilizando animais que os pesqui- sadores observaram pela primeira vez que a cafeína ajuda- va a superar a rigidez e os problemas de mobilidade. Estu- dos realizados com pessoas também sugerem que existe uma relação inversa entre o consumo do café e cafeína e o risco relativo de ser afetado pelo mal de Parkinson. Um estudo publicado há alguns anos, no Programa Cora- ção de Honolulu, em que, durante 27 anos, foram obser- vados 8.004 norte-americanos descendentes de japoneses residentes no Havaí, também revelou relação inversa entre o Parkinson e o café. Os que tomavam mais de quatro xí- caras de café por dia tinham cinco vezes menos probabi- lidade de serem afetados pela doença do que os que não tomavam café. Conclusões semelhantes foram alcançadas em dois ou- tros estudos norte-americanos, o segundo confirmando a redução do risco entre pessoas que tomam apenas duas xícaras de café por dia. Os dados sobre as mulheres, em geral, são menos claros. Alguns estudos constataram que o consumo moderado de cafeína tem efeito protetor para as mulheres que já passaram pela menopausa, com efeito inverso observado entre as que tomavam estrogê- nios e seis ou mais xícaras de café por dia. Também parece que a cafeína tem propriedades prote- toras em relação aos nervos, e vários estudos de mo- delagem utilizando animais mostram que, em conjunto com a L-dopa, a droga tradicionalmente utilizada no tra- tamento do mal de Parkinson, ela retarda a degenera- ção das células que produzem dopamina. Isso torna seu uso combinado uma animadora estratégia que, no futu- ro, poderia ser empregada no tratamento dessa doença tão debilitante. A maioria desses estudos demonstrou principalmente que o consumo de café reduz ou protela o desenvolvi- mento do mal de Parkinson, e que a cafeína é o fator mais provável. Tudo isso oferece mais uma razão para saborear o cafezinho habitual. 24

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=