Jornal SBC 198 | janeiro 2019

Protásio Lemos da Luz é Professor Sênior de Cardiologia do InCor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Escolas médicas, governo e saúde Relação Médico Paciente por Protásio Lemos da Luz O fim do mal fadado programa “Mais Médicos” mostrou ou- tra mentira do governo passado, i.e, a de que não haviam médicos brasileiros para atender populações distantes. Bastou abrir-se concorrência, com salários adequados, e as vagas foram praticamente preenchidas em 2 dias. Surgiram também notícias de médicos brasileiros preteri- dos no regime anterior, claramente para beneficiar cuba- nos, que pelos nossos padrões nem são médicos. O Mais Médicos era simplesmente uma camuflagem para mandar dinheiro para a ditadura cubana, que ficava com 75% dos salários dos médicos e ainda os submetia a constrangi- mentos morais. Porém, é preciso compreender que o problema da saúde pública brasileira é complexo e vai além do número de médicos. Entre outras coisas a solução requer mudanças na estrutura do sistema, na gestão, na capacitação de serviços complementares como laboratórios bioquímicos, imagens e transporte; requer, claro, médicos capacitados, e não apenas médicos incompetentes formados em facul- dades sem condições mínimas para ensinar; orçamento adequado; e reformulação no papel de enfermeiros e téc- nicos em saúde, que podem exercer funções mais amplas do que executam atualmente. Portanto, achar que tudo se resolve com Mais Médicos, é solução simplista para um problema complexo; e como sempre acontece nesses casos, uma solução errada. 28

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