Jornal SBC 202 | maio 2019

SBC na mídia Dia Internacional da Mulher e o alerta para as doenças cardiovasculares Inúmeras ações promovidas pelo Departamento de Car- diologia da Mulher e Regionais alertaram para o aumento das doenças cardiovasculares no sexo feminino. Repor- tagens foram exibidas em jornais e sites de Minas Ge- rais, Paraná, Ceará, São Paulo, Tocantins, Sergipe, Pará, Espírito Santo, Alagoas, Acre, Paraíba, entre outros. Em uma matéria da TV Brasil , o repórter destacou a elevação do número das doenças cardiovasculares nas mulheres por conta do estresse, do sedentarismo e da obesidade, entre as principais causas. A editora associada da ABC Cardiol , Gláucia Moraes, foi entrevistada pelo Correio da Paraíba e apresentou dados epidemiológicos sobre as doenças cardiovasculares nas mulheres. Morte súbita é tema de entrevista na ESPN Brasil O coordenador do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares, Sérgio Timerman, foi entrevistado na ESPN Brasil . Ele orientou sobre a importância da prevenção aos fatores de risco para o coração e destacou as iniciativas para o socorro em caso de parada cardiorrespiratória. Diretriz internacional sobre aspirina repercute no Brasil O anúncio, nos Estados Unidos, da nova diretriz conjunta do American College of Cardiology (ACC) e da American Heart Association (AHA), que não mais recomendou o ácido acetil- salicílico para pessoas saudáveis acima dos 50 anos sem a doença coronariana, repercutiu no Brasil. A SBC emitiu nota de esclarecimento que foi reproduzida em várias emissoras de televisão, como a Globo News , o SBT , as TVs Cultura e  Brasil . B3 Sexta-feira,08demarçode 2019 Paraíba CIDADES Operigo das cardiopatias De acordo com a Socieda- deBrasileiradeCardiologia (SBC),aproporçãodemortes pordoenças cardiovascula- resentrehomensemulheres diminuiubastanteeestáem 5,3homensparacada4,7mu- lheres,mas já foide9homens para cadamulher.Um dos motivospara essamudança são as jornadasduplas e até triplas - trabalho, cuidado comos filhos e afazeresdo- mésticos–queelevamosní- veisdeestressee,associadas à faltadeatividade físicaemá alimentação,comprometema saúdedo coração.NaParaí- ba,1.399mulheresmorreram, em2018,vítimasde infartodo miocárdioeAcidenteVascular Cerebral Isquêmico (AVC). A cada 10minutos, uma mulhermorre noBrasil em consequênciadeAVC. Jáo in- farto fazumavítimaacada11 minutos.Asdoenças cardio- vasculares são responsáveis por 30%dasmortesdo sexo feminino,noBrasil,ematam duasvezesmaisque todosos tiposde câncer, incluindoo demama.No casodaParaí- ba,dasmortesregistradasem 2018porproblemascardíacos 1.036 forampor infartoe363 porAVC. Também hoje se conhece a relação entreo câncer e as doençasdo coração, esse te- ma temdespertado interesse crescenteentrecardiologistas eoncologistas.Os fatoresde riscoparadoençascardíacas e câncer são semelhantes a exemplo de obesidade, se- dentarismo e o tratamento do câncer com quimiotera- piaeradioterapiapromovem cardiotoxicidade, sendo im- portante o reconhecimento precoce.Os enfermos cura- dosdecâncerfrequentemente morrem em decorrência de doençasdocoraçãoeasmu- lheres são frequentemente vitimadasporessasituação. Doenças cardíacaspreva- lentes como a hipertensão arterial tempeculiaridades namulher,paraaprofessora AndreaBrandão,professora associada daUniversidade doEstadodoRiode Janeiro, Deassessoria énecessárioconsiderarquea mulher fazusodecontracep- tivosorais,oque járepresen- taum fatorde risco,emuitas vezes sãoacometidasporhi- pertensãoarterial,requeren- do cuidados especiais.Além disso,mulhereshipertensas em idade fértiltemtratamen- to, diferenciado, por exem- plo,nãodevem fazerusode medicamentosque inibemo sistemarenina-angiotensina, conhecidos como inibidores da enzima de conversão da angiotensina,muitousados napráticamédicadiáriaedis- poníveisnafarmáciapopular. “Osmédicos da atenção primária (PSFeUBS)devem atentar para essa questão”, destacouaprofessoraAndrea Brandão. SegundoFátimaNegri,pre- sidentedaSociedadeParaiba- nadeCardiologia,poucassão ascampanhasparaalertaras mulherespara essesproble- mas, sendonecessáriocons- cientizá-lasdequeasdoenças cardiovasculares represen- tamodobrodasmortespor todas asneoplasias associa- daseaindapodem sercausa demortalidadeempacientes curadasde câncer.Esse fato se reveste demaior impor- tânciapelo envelhecimento eadoecimentodapopulação femininanoBrasil. ParaMarcelo Queiroga, presidenteeleitodaSBC,uma dasformasdeenfrentaropro- blema seriaenvolvermaisas médicas nessas ações. “A Medicinapode ser resumida comoo atode cuidardoou- tro,queéumacaracterística tipicamente feminina”,disse. Namaioriadasvezes,amu- lher temmaiscapacidadede entenderossereshumanosde formaplena,emsuasdimen- sões física,mentaleespiritu- al.Além disso, asmulheres são capazesdeminimizaro sofrimentoagregadoaopro- cessodedoençapor ter,habi- tualmente,maior facilidade em lidar com as emoções e demonstrarmaior solidarie- dade,compartilhandocomos pacientesosmúltiplosaspec- tosdoadoecimento. Noscincoúltimoscongres- sosdaSociedadeBrasileirade Cardiologiaapenasumquinto dospalestrantes foram car- diologistas.MarceloQueiro- gagaranteque,duranteasua gestão,aumentaráaparticipa- çãodascardiologistasem to- dasascomissõessocietáriase naagendacientíficadaSocie- dadeBrasileiradeCardiologia. Naminhafuturadiretoriaas mulheresfarãoadiferença,contarei comquatrocardiologistasdealtíssimo nível:LudhmilaAbrahãoHajjar,Andrea Brandão,GlauciaMoraeseOlgaSouza. Elasterãoumgrandeprotagonismo. MarceloQueiroga. PresidenteeleitodaSBC. AprofessoraGlauciaMoraes, diretoradoProgramadePós GraduaçãoemCardiologiada UniversidadeFederaldoRiode Janeiro(UFRJ)efuturacoorde- nadoradeAcompanhamento daGestãodaSBC, faloucom exclusividadesobreoproble- madasdoençascardiovascu- laresnamulhereaspossíveis soluções. -Qualopanoramadasdo- enças cardiovascularesna MulhernoBrasil? -Adoençacardiovascularper- manececomoamaiorcausade mortesnoBrasilenomundo, noshomensenasmulheres.No Brasil,segundoestimativasdo DATASUS,em2016,ocorreram 572.359óbitosemmulherese 736.842óbitosnoshomenspor todasascausas,dosquaiscer- cade36% foramdecorrentes dasdoenças cardiovascula- res,190.242 (14,5%)e171.809 (13,1%), respectivamente.Se considerarmosasmortespor doençacardiovascularnoes- tadodaParaíba,observaremos umamenorproporçãodemor- tespordoençascardiovascu- lares,29%,porémasmortes sãomaioresnasmulheresde- correntesdasdoençashiper- tensivasecerebrovasculares, entreelasoacidentevascular encefálico.Alémdisso,asmor- tespordoençasisquêmicasdo coração,destacando-seo in- fartodomiocárdio,sãopouco menosqueasobservadasno sexomasculino,18,5%x15,1%, respectivamente.Essesdados sãopreocupantesemerecem umatençãoespecialdosges- toresdesaúde. Aocomparamoscomasmor- tesdecorrentesdasneoplasias, observamosquerepresentam menosdametadedaquelasob- servadaspordoençascardio- vasculares,aproximadamente 16%do total (215.217óbitos, 114.250 (8,7%)noshomens,e 100.952 (7,7%)nasmulheres). Noentanto,emgeral, temos maispreocupaçãocomocân- cerdoque como infartodo miocárdio,especialmenteas mulheres,querealizamdiver- sosexamesao longodavida, paraevitarcâncerdamama, útero,eovário,que represen- tamumapequenaproporção deóbitosnosexo feminino. OBrasil tem208,4milhõesde habitantesem2018, segundo estimativado IBGE,comex- pectativadevidade72,5anos paraoshomens e 79,4 anos paraasmulheres,em2017.Até 2060,apopulaçãocommais de 60 anosmaisquedobra- ráatingindocercade32%do totaldehabitantes.Seproje- tarmosasmortespordoenças cardiovasculares,que já são maioresnasfaixasetáriasmais avançadas,poderemosprever uma“epidemia”demortespor doençascardiovasculares,se não reforçarmosasmedidas paraodiagnósticoetratamen- toprecoces. -Comomelhorarotratamen- todasdoençascardiovascu- laresnasmulheres? -Outroaspecto importante,é quea taxadedecréscimodas mortespordoençascardiovas- cularesqueforamobservadas nosúltimosanosvemdiminu- ído,einclusiveaumentandoas mortespordoenças isquêmi- cas,comooinfartodomiocár- dio,nasmulheres,mesmonas mais jovens.Devemos imple- mentarasmedidasdepreven- çãoprimária,econscientizar apopulaçãosobreossinaise sintomasdessasdoençasnas mulheres,quenemsemprese apresentamda formaclássica divulgada,especialmentenas mulheresmaisvelhasquesão portadorasdediversasdoenças comodiabetes,hipertensãoe obesidade,quemascaramos sintomasdo infarto. Precisamostambémalertarso- breo reconhecimentoepre- valênciados fatoresde risco clássicos,comohipertensão, dislipidemia,diabetes, taba- gismo,obesidade,e sedenta- rismoqueestãocrescendonas mulheresmais jovens,e têm respostamenoseficienteasdi- versasdrogas. Amaioriados ensaiosclínicosrealizadospara otratamentodasdoençascar- diovascularesforamrealizados compoucarepresentatividade demulheres. Cabe ressaltarqueos fatores derisconãoclássicossãomais prevalentesnasmulheresco- mo: infarto associado com doençaarterialcoronariana nãoobstrutiva,disfunçãomi- crovascular,disseçãoespon- tâneadasartériascoronárias ecardiomiopatiainduzidapor estresse,comoasíndromede Takotsubo, além damaior prevalênciade insuficiência cardíacacomfraçãodeejeção preservada.Existem também fatoresderiscoespecíficosdo sexo feminino, comodoen- çahipertensivadagravidez, eclampsiapré-eclâmpsia,al- teraçõescausadaspelameno- pausa,entreoutras. -Qualoespaçodasmédicasna Cardiologiabrasileira? -Asmulheres representam atualmente cercade45%do totaldemédicosnoBrasil.A proporçãodemulheresmédi- casvemaumentandonosúl- timosanos, saltandode22% em1910para45,6%em2018, compredominânciadas ida- desmais jovens.Noentanto, ocrescimentodasmulheres cardiologistastemvelocidade bemmenor.Seconsideramos onúmerodeprofessoresde cardiologia,aproporçãomu- lheres/homenséaindamenor, easquecoordenamprogramas depós-graduaçãopodem ser contadasnosdedos. Devemosampliaronúmero demulheresdedicadasaessa especialidade, e implemen- tarmedidasparamelhoraro conhecimentodapopulação sobreasdoençasquecausam omaiornúmerodeóbitos.Ne- cessitamos tambémdemais mulherespesquisadorasepro- fessoras,paraqueosensaios clínicoscommedicamentos tenhammaior representa- tividadedemulheres,como objetivodeentenderasparti- cularidadesdosmedicamentos nosexofeminino.Alémdisso, precisamosconhecerosme- canismos responsáveispelas diferençasdeocorrênciadas doençascardiovascularesen- treossexos,paramelhoraras políticaspúblicasdecombate àsdoençascardiovasculares nasmulheres. ENTREVISTA MORTEDEMULHERES. PARAÍBA Fonte: SES INFOGRÁFICORREIO INFARTODOMIOCÁRDIO AVC 2019 2019 2018 2018 75 33 1.036 363 Alerta. Asdoenças cardiovasculares são responsáveispor30%das mortesdepessoasdo sexo femininonoBrasil DIVULGAÇÃO 26

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