Jornal SBC 202 | maio 2019

O conhecimento científico é gerado por pessoas e para pessoas. Seu conteúdo e qualidade dependem dos po- deres e das funções dos cientistas e da forma como isso será colocado à disposição dos homens. Para apreen- der-se o significado da ciência, julgar sua credibilidade e função dentro da sociedade humana, é necessário refletir sobre a consciência que temos desse fato, para tornar- -nos conscientes dessa maravilha. A ciência da maneira como é produzida atualmente nos coloca algumas ques- tões extremamente interessantes: a natureza das teorias científicas e da relação entre o conhecimento científico, e o conteúdo cognitivo da mente humana individual são de extrema dificuldade filosófica. O cientista não é uma má- quina inflexível, plenamente formado por sua educação.  Como criador de novos conhecimentos, revê, sem tréguas e continuamente, seus modelos à luz do progresso científico.  Constrói aparelhos, maquinários dos mais sensíveis, para confirmar projeções, que se aplicam a novos horizontes e caminhos teóricos, reinterpreta e refaz descobertas ante- riores, ou concebe novas pesquisas.  Dentro do ponto de vista acadêmico, nas academias, nada é tão exigente e desafiador como a pesquisa experi- mental. Há o desafio pessoal de lograr os melhores resul- tados possíveis, em termos de precisão e de significado prático. Não existe, na comunidade científica, um meca- nismo formal para inspecionar os registros dos resultados, mesmo que sejam duvidosos. A ética científica descarta esse “controle externo” na pesquisa, pois os pesquisado- res repetem, por vontade própria e exaustivamente, uma experiência interessante. O látego da disputa acadêmi- ca faz com que os pesquisadores sempre comprovem seu trabalho ou o alheio. Ou os refute cabalmente.  Em longo prazo, os dados observacionais e experimentais da ciência são fartamente comprovados em investigações independentes. A ciência atual tornou-se uma indústria.  Desapareceu quase por completo o trabalho individual, agora realizado por equipes, sendo subdivido e especiali- zado. Os instrumentos de pesquisa são complexos e ca- ríssimos, transcendendo em larga escala as capacidades intelectivas ou manipuladoras de um pesquisador. O ce- ticismo presente e a crítica ancorada na competição são normas vigentes e até certos limites saudáveis na comu- nidade científica. Essas pequenas reflexões são feitas por um motivo concreto de estudo e pesquisa,  e, ao longo do tempo, conseguimos formar um posicionamento, por meio de trabalhos, pesquisas e investigações realizados nessa área específica de atuação. Crônicas do Coração por Fernando Lianza Dias Crônicas do Coração p r er a ia za ias Fernando Lianza Dias é especialista em Cardiologia pela SBC/AMB, médico Preceptor de Cardiologia, Chefe do Serviço de Risco Operatório do Hospital Universitário Lauro Wanderley da UFPB, Diretor Científico da Cardioclin e Coordenador do Núcleo de Prevenção das Doenças Cardiovasculares no Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal Da Paraíba (UFPB). Ciência e tecnologia do ponto de vista acadêmico 32

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