Jornal SBC 200 | março 2019
Falta de medicamentos para arritmias nas farmácias dos hospitais preocupa SBC e SOBRAC encaminharam ofício para a ANVISA cobrando informações O principal medicamento utilizado para o tratamento de diversas arrit- mias cardíacas, como a fibrilação atrial e taquiarritmias ventriculares — doenças potencialmente fatais — está em falta nas farmácias dos hospitais brasileiros. A amiodarona injetável é praticamente a única opção para o tratamento clínico de arritmias graves. O ofício encaminhado para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN- VISA), assinado em conjunto pela SBC e pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), soli- citou que seja verificada, com a maior rapidez possível, a situação atual da distribuição da amiodarona injetável. O documento pediu também que a agência atue de todas as maneiras possíveis para normalizar a situação. “Nas últimas duas décadas, a fibri- lação atrial tornou-se importante problema de saúde pública, com grande consumo de recursos em saúde. O avanço da doença reper- cute diretamente na qualidade de vida da pessoa, em especial devi- do a suas consequências clínicas, como a formação de coágulos, que podem levar a um infarto, um acidente vascular cerebral, uma trombose de grandes artérias pe- riféricas ou, ainda, alterações cog- nitivas”, explicou o presidente da SBC, Oscar Dutra. “Aqui, no Brasil, estimamos que 1,5 a 2 milhões de pessoas devam ter fi- brilação atrial e que este número po- derá chegar a 10 milhões em 2050. Nos Estados Unidos, estima-se que a prevalência da doença será de 15,9 milhões em 2050.”, completou o presidente da SOBRAC, José Car- los Moura Jorge. Em outros países, que dispõem de vários outros medicamentos antiar- rítmicos por via venosa, o uso da amiodarona é geralmente a primeira opção. “No Brasil, é praticamente a única opção. Por isso, trata-se de remédio de vital importância, uma vez que o tratamento inadequado de arritmias pode levar a conse- quências graves, inclusive à morte”, alertou Moura Jorge. O uso da amiodarona é recomenda- do para o tratamento de pacientes com fibrilação atrial por diretrizes nacionais e internacionais, assim como para as arritmias ventricula- res. Além disso, dada sua eficácia e sua segurança clínica, é particu- larmente indicada para o tratamen- to de arritmias em pacientes com doenças cardíacas graves, como in- suficiência cardíaca congestiva, es- pecialmente na doença de Chagas. Confira a resposta da Anvisa em rela- ção à carta enviada pela SBC no link: http://jornal.cardiol.br/2019/marco/do- wnloads/oficio-anvisa.pdf Diretoria Riode Janeiro,23de janeirode2019. Ilmo.Sr. Dr.WilliamDib Diretor-presidente AgênciaNacionaldeVigilânciaSanitária–ANVISA S.I.A.–Trecho5 /ÁreaEspecial57–BlocoD–Cobertura Guará–Brasília /DF–71205-050 PrezadoDr.WilliamDib, A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) vêm através desta solicitar informações sobre a disponibilidadedaapresentaçãoparenteraldomedicamentoAmiodarona. Trata-sedeumdospoucos antiarrítmicosdisponíveis, sendomuitoutilizadopara o tratamento de diversas arritmias cardíacas, como a fibrilação atrial e taquiarritmias ventriculares, estas potencialmente fatais. O seu uso é recomendado para o tratamento de pacientes com fibrilação atrial por diretrizes nacionais (1) e internacionais (2,3), assim como para as arritmias ventriculares (4,5). Além disso, dada a sua eficácia e segurança clínica, é particularmente indicado para o tratamento de arritmias em pacientes com doenças cardíacas graves, como insuficiência cardíaca congestiva, especialmente na Doença de Chagas (4,6). É importante ressaltar que praticamente não há opções de tratamento antiarrítmico parenteral para essas arritmias graves. Em outros países, que dispõem de vários outros medicamentos antiarrítmicos parenterais, o uso da Amiodarona é geralmente a primeira opção. No Brasil, é praticamente a única opção. Por isso, trata-se de medicamento de vital importância em nosso meio, uma vez que o tratamento inadequado de arritmias pode levar a consequências graves, inclusiveàmorte. Recentemente, vários colegasentraramem contato comas referidas Sociedades, por diversos meios, relatando a dificuldade que farmácias de vários hospitais no país vêmapresentandopara conseguiromedicamento. Assim, a SBC e a SOBRAC solicitam que a ANVISA verifique com a maior brevidade possível a situação atual da distribuição da Amiodarona injetável, e que, caso seja detectada a falta da medicação, atue de todas as maneiras possíveisparanormalizara situação. 8
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