Saúde Cardiovascular no Brasil. Como poderemos melhorá-la?
Aloyzio Achutti*
Hoje o Ministério da Saúde já conta com um setor relacionado
com prevenção e controle de doenças cardiovasculares, entretanto, cabe à
Sociedade Brasileira de Cardiologia, como entidade, contribuir para o
desenvolvimento de uma política de saúde que cada vez mais corresponda às
necessidades de nossa população. O papel da SBC não se restringe à busca da
excelência no atendimento individual, mas também em contribuir para a vigilância
epidemiológica e para o desenvolvimento de estratégias populacionais,
principalmente no que tange à prevenção das doenças e na promoção da saúde
cardiovascular.
Ao atender a solicitação da presidente do Grupo de Estudos de Epidemiologia e
Cardiologia Baseada em Evidências (Geecabe) da SBC, Dra. Gláucia de Oliveira,
para sugerir potenciais linhas de ação sobre saúde pública relacionadas com
saúde cardiovascular, lembrei-me de revisitar a Declaração de Gramado – texto
completo disponível no endereço http://departamentos.cardiol.br/geecabe/proposta-geecabe.asp.
Mais de dez anos se passaram, mas os valores permanecem. A importância
fisiológica do sistema cardiovascular evidente na prática clínica individual
continua e se reforça quando o objeto passa a ser a população, o que faz de sua
vigilância um valioso instrumento de avaliação da qualidade de vida e saúde
global. Essa importância impõe a necessidade e revela a oportunidade de uma
política não só específica para problemas de saúde, mas voltada para seus reais
determinantes, evidentes quando se comparam grupos sociais distintos e desiguais
do ponto de vista sócio-econômico e cultural.
A SBC tem se esmerado no aperfeiçoamento de especialistas para o atendimento de
pacientes na fase avançada das doenças, mas não satisfeita, passa a contemplar
novas oportunidades de controle. O Geecabe é o herdeiro da missão iniciada pelo
comitê de epidemiologia, inicialmente alocado no Funcor. Tem consciência a SBC
da utilidade de políticas mais globais, só alcançáveis com parcerias e
participação da própria população, e que virão beneficiar a saúde cardiovascular
através da melhoria da qualidade de vida.
Nesses dez anos, evidente progresso se fez, aproximando da realidade muito do
que ficou idealizado nesse documento, entretanto a interação da SBC com o
sistema de saúde poderá acelerar o processo de desenvolvimento e garantir uma
maior estabilidade, a longo prazo, para as experiências bem sucedidas.
As decisões baseadas em evidência científica se constituem numa das missões
básicas do Geecabe, entretanto há ainda muito que pesquisar e definir ao ampliar
o foco do indivíduo para a população.
*Integrante do Comitê de Saúde Pública do Grupo de Estudos de Epidemiologia e Cardiologia Baseada em Evidências da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
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