Compartilhamento de procedimentos origina parceria entre SBHCI e SOBRICE
Luiz Alberto Mattos*
Em fevereiro de 2006, a negativa à especialidade
cardiovascular pelo Conselho Federal de Medicina/Associação Médica Brasileira (CFM-AMB)
precipitou o despertar de uma questão inevitável: o compartilhamento de
procedimentos entre profissionais pertencentes a grupamentos médicos distintos.
Em diversas áreas de atuação, há profissionais de origens distintas. Na
Cardiologia Intervencionista, o compartilhamento fica evidenciado ao observarmos
que técnicas atraíram tanto cirurgiões vasculares como neurocirurgiões. A
necessidade de balizar a certificação começa a se tornar premente.
É fato conhecido que fomos os pioneiros em exames diagnósticos angiográficos e
terapêuticos nos territórios não-cardíacos, mas o advento da angioplastia
coronária focou a maioria de nossos profissionais, no ensejo de proporcionar
bons e consistentes resultados na revascularização miocárdica percutânea. Em
paralelo, é inegável que os radiologistas se dedicaram à prática
intervencionista, vascular e não-vascular, assim como ao advento da
neurointervenção.
Perdemos, aos poucos, a capacitação de abonar e justificar esses procedimentos,
seja na Saúde Suplementar seja no Sistema Público de Saúde.
A partir de diversos encontros entre SBHCI e Sociedade Brasileira de Radiologia
Intervencionista e Cirurgia Endovascular (SOBRICE), ambas áreas de atuação do
Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC), ficou acertado que os dois anos de Cardiologia Intervencionista obtidos
pelos nossos profissionais, condicionados à comprovação da obtenção do Título de
Especialista em Cardiologia (TEC) da SBC e do Certificado de Área da Atuação em
Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, serão aceitos como pré-requisito
para a obtenção de mais um título, registrado na AMB, na área de atuação da
Radiologia Intervencionista e da Angiorradiologia Diagnóstica, destinado a
nossos pares interessados em progredir com proficiência e reconhecimento nessa
outra área de atuação.
Ambas as sociedades, SOBRICE e SBHCI, caminham juntas para a implementação desse
projeto de certificação compartilhada já em 2009, ganhando, oficialmente, o
mercado de trabalho e a independência.
O futuro é hoje. E, quem sabe, com a instituição desse inédito programa de
compartilhamento, vislumbrando um pouco além do futuro imediato, novos
profissionais, de origem cardiológica e certificados nesse processo, venham a se
tornar centros de treinamento de novos colegas, compondo, assim, o ciclo
infinito do conhecimento, que não tem dono ou reserva e pertence a quem de fato
é reconhecido pela prática de um ato médico.
*Presidente da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia
Intervencionista.
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