A DQA, a SBC e as agências reguladoras
Há muito tempo os novos conceitos de globalização e reengenharia influenciam o
mundo. Governos, corporações e até mesmo lares dos mais diversos rincões do
globo sofrem mudanças em seu cotidiano, orientadas por ditames emanados desses
conceitos.
Não seria diferente com a ciência que, aliás, em muito se beneficiou e avançou
na última década, principalmente pela disseminação de conhecimentos promovida
pela globalização e pelo questionamento dos antigos paradigmas, abalados pelas
assertivas de novos modelos de funcionamento e gestão.
Com as sociedades de especialidade não poderia ocorrer ação diferente! E a SBC é
um bom exemplo.
Na última década, novas diretorias foram criadas e incorporadas ao fluxograma,
não como desejo ou particularidade desta ou daquela gestão, mas sim, como uma
tentativa de resposta a questionamentos e providências cada vez mais
contemporâneos, cada vez mais urgentes. As diretorias de Qualidade Assistencial,
a de Relações Governamentais, a de Tecnologia da Informação e a de Pesquisa, só
para lembrar algumas, são exemplos desses novos tempos e de novas exigências.
É razoável que, por ser grande a velocidade em que as coisas são feitas, pois
são igualmente grandes as necessidades de resposta às demandas, muitos entre nós
ainda não tenha entendido e incorporado esses novos rumos da nossa sociedade.
Por exemplo, a função da Diretoria de Qualidade Assistencial – a DQA –, o seu
papel é ainda tão pouco compreendido que, constantemente, na qualidade de
diretor desse importante segmento da SBC, sou questionado sobre a política de
“defesa profissional do cardiologista”. Devo dizer que essas questões são
altamente pertinentes e que é, sim, papel da DQA supervisionar e corrigir todos
os fatores que influenciem uma má remuneração pelos serviços prestados por
cardiologistas associados em todo país.
Concordemos que essa, por si só, já é uma tarefa “para leão”! Mas não é a única
tarefa! Pois, raciocinando apenas superficialmente, qualquer um de nós perceberá
que as variáveis da defesa profissional são compostas pela formação, pela
atualização, pela supervisão, pelo reembolso, pelas condições de trabalho e que
nenhuma dessas fases se completa apenas no profissional, mas, principalmente, no
paciente, nas políticas públicas de saúde, nos intermediários de serviços
médicos e nas agências reguladoras.
Tentar limitar todo esse trabalho circunscrevendo-o apenas à defesa profissional
é não entender os novos paradigmas e, erroneamente, atribuir e minimizar, como
já foi feito por gestão anterior, um caráter puramente corporativo, extemporâneo
e, por tal, dispensável de nossos estatutos.
E é com esse trabalho, com as agências reguladoras, que eu gostaria agora, de
iniciar, com cada um de vocês, um novo “canal de troca”, pois as suas opiniões
são fundamentais. Obviamente que esse espaço, não comportará essa discussão, mas
ela será necessária e viabilizaremos outros espaços para que tal aconteça.
Nesta gestão, a SBC iniciou um novo tempo com as agências reguladoras. Um tempo
de parcerias, de intercâmbios! Sobre muitas dessas ações vocês já estão
informados e participantes. Entretanto, é consenso, nesta diretoria, que a nossa
sociedade não pode mais ficar à margem das decisões sobre saúde cardiovascular
oriundas das autoridades sanitárias deste país.
Não é mais possível, por exemplo, que, em um regime pluralista e democrático, a
permissão e/ou retirada de uma nova droga de ação cardiovascular do mercado por
determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não seja
discutida e confirmada pela sociedade de especialidade. Também não é mais
possível que uma lista de procedimentos que interferirão diuturnamente no
exercício profissional seja homologada pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) sem o aval desta mesma sociedade. E claro, que políticas
públicas de saúde cardiovascular orientadas pelo Ministério da Saúde não sejam
discutidas com a SBC que congrega quase 12 mil cardiologistas, ou seja, 70% dos
profissionais brasileiros.
Na próxima edição, estaremos discutindo essas ações. Todas, claramente, funções
da Diretoria de Qualidade Assistencial. Para tal, envie suas dúvidas e
considerações através de nosso site diretamente à DQA ou pelo meu e-mail:
eczilli@cardiol.br ou, ainda, por telefone. De qualquer forma, mas participe.
Somente assim cresceremos! Somente assim seremos ouvidos!
Um grande abraço!
Emilio Cesar Zilli
Diretor de Qualidade Assistencial
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