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Jornal SBC 121 | Agosto 2012
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Dia temático conjunto SBC/Secretaria de Saúde
comprova 23%de casos de hipertensão
O primeiro dia temático promovido conjuntamente pela
Diretoria de Promoção de Saúde Cardiovascular da SBC e
a SecretariaMunicipal de Saúde de São Paulo foi realizado
em 436 Unidades Básicas de Saúde e 117 AMAS, que
resultaram em 135.595 avaliações, com 23,1% de casos
de pressão alterada. A informação é da coordenadora
do Programa de Saúde do Adulto da Coordenação de
Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde, Márcia
Massironi. O resultado foi considerado muito auspicioso
pelo diretor da SBC, Carlos Alberto Machado, para quem
o exemplo de São Paulo deve ser seguido pelas Regionais
e Estaduais da SBC no restante do Brasil.
Foco na prevenção
“A proposta da atual gestão continua sendo investir
mais na prevenção e na promoção da Saúde além
do tratamento”, relembra Carlos Machado. “Para isso,
era necessário chegar às UBS e AMAS que atuam na
ponta, junto à comunidade, dando orientação antes
da ocorrência das doenças, e não, como atualmente,
esperando que o cidadão adoeça e procure a UBS, para
só então atendê-lo”, explica.
Além da medição da pressão arterial, as unidades
promoveram2.979atividades coletivas, comocaminhadas,
aulas sobre hábitos saudáveis, aulas para grupos de
atividade física de idosos. Para os médicos foram dadas
aulas com dois especialistas discutindo um tema, para
aumentar a qualificação dos profissionais da atenção
básica. O objetivo foi sensibilizá-los para importância do
diagnóstico precoce e tratamento adequado dos doentes,
mas enfatizando as ações de prevenção de doenças
e promoção de saúde. A média de participantes por
atividade foi de 22 pessoas, o que significa que mais de 65
mil foram atingidas pelas informações.
Ampla parceria
Carlos Machado conta que o acordo com a Secretaria
Municipal da Saúde, em São Paulo, visa promoções
conjuntas em todos os dias temáticos, Dia do Coração,
da Atividade Física, e dias voltados para o controle do
tabagismo, da obesidade, do colesterol e controle do
diabetes.
Para incentivar as Regionais e estaduais a seguirem os
passos da capital paulista, a Diretoria de Promoção da
Saúde Cardiovascular está colocando a experiência da
iniciativa bem-sucedida à disposição de toda a SBC.
“No mês que antecede o dia temáticos estávamos
enviando correspondência para os Cosems – Conselhos
Iniciativa levou àmedição da pressão de 135.595 paulistanos e foi realizada em436 UBS e 117 AMAS.
de Secretários Municipais de Saúde de cada Estado,
informando do desejo de uma parceria, sobre os contatos
do representante local da SBC e os links das aulas, intranet
e material educativo a ser usado naquele mês”, completa
Carlos Machado.
PREVENÇÃO
Foto:
Divulgação SBC
Marcia Massironi, falando dos dados da SMS-SP,
na abertura do Dia de Prevenção e Combate à
Hipertensão, na Associação Paulista de Assistência
ao Hipertenso.
O paradoxo da obesidade
Novos estudos levantam
dúvidas sobre a relação
entre obesidade e risco
cardiovascular. O último
levantamento da pesquisa
Vigitel
, do Ministério da
Saúde, revela que 48% dos
brasileiros estão acima do
peso. Entre homens, 52%
apresentam o Índice de
Massa Corporal (IMC) acima
de 25 kg/m
2
.
Em várias capitais, a maioria
de seus moradores apresentam peso elevado: Porto
Alegre (55%), Fortaleza (53%), Manaus (51%) e Cuiabá
(51%); e no Rio de Janeiro, cartão-postal do Brasil, 49%
têm sobrepeso ou obesidade. Esses dados trazem
preocupação, uma vez que sempre aprendemos que
quantomais peso, maiores a morbidez e a mortalidade
cardiovasculares.
O estudo ACCOMPLISH, publicado em 2008, destaca-
se como um dos ensaios de maior impacto na
prática clínica e com mais citações na literatura. No
tratamento da hipertensão, comparou-se a associação
de um Inibidor de Enzima de Conversão (IECA) com
um Antagonista de Canais de Cálcio (ACC) contra
a combinação de IECA e Diurético Tiazídico (DT).
Após 3,8 anos, em média, a associação com ACC
possibilitou uma redução de 20% nas mortes e eventos
cardiovasculares em relação aos que usaram DT.
Mas uma recente reavaliação dos resultados do
ACCOMPLISH revelou, de forma surpreendente,
que os benefícios da associação envolvendo o ACC
ocorreram especialmente em indivíduos com o IMC
normal, ao passo que em indivíduos com IMC acima
de 30 kg/m
2
não houve diferença nos desfechos entre
os grupos DT e ACC.
E mais: observou-se que quanto maior o peso,
menores os desfechos primários. O percentual do
conjunto de morte cardiovascular, acidente vascular
encefálico e infarto do miocárdio em indivíduos com
IMC abaixo de 25 foi de 24,7%; naqueles com IMC
entre 25 e 29,9, foi de 20,5%, enquanto os obesos (IMC
a partir de 30) apresentaram 17,2%.
No ACCOMPLISH, quanto maior o peso corporal, menor o número de eventos cardiovasculares.
ESTILO DE VIDA
Essa estranha constatação tem provocado uma
corrida de pesquisadores aos bancos de dados de
vários estudos clínicos para reavaliar a relação entre o
peso e a mortalidade em diferentes coortes, além de
suscitar muitos outros questionamentos. Seria o IMC
a melhor forma de se avaliar o risco cardiovascular? A
circunferência abdominal ou relação cintura-quadril
revelariam resultados diferentes? Deveríamos buscar
marcadores mais sensíveis para quantificar o peso
elevado ou a obesidade visceral? Seriam todos os
indivíduos com sobrepeso e obesos iguais do ponto de
vista metabólico e cardiovascular? Essa discussão está
apenas começando, e, quem sabe, confirme a velha
sabedoria popular: “o que não mata engorda”.
Referências:
1) Jamerson K, et al. Avoiding Cardiovascular Events
in Combination Therapy in Patients Living with Systolic Hypertension
(ACCOMPLISH).N Engl J Med 2008, 359(23), 2417-28. 2) Weber
M. Prespecified Analysis of the ACCOMPLISH, 22/5/2012,
in
American
Society of Hypertension 2012 Scientific Sessions.