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Jornal SBC 125 | Dezembro 2012
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ESQUINA CIENTÍFICA
Luís Beck da Silva |Co-editor
luisbeckdasilva@gmail.com
Arritmias Cardíacas (1)
Betabloqueadores não são iguais na Síndrome
do QT Longo (SQTL)
Em muitos casos de SQTL está indicado o uso de
betabloqueadores. Imaginando haver um efeito de
classe, normalmente a escolha se faz por comodidade
posológica ou hábito de prescrever um ou outro. Foi
publicada recentemente uma análise que envolveu 382
pacientes, com a síndrome, onde 134 foram tratados
com Propranolol; 147, com Metoprolol; e 101, com
Nadolol. Os autores observaram maior redução do
intervalo QT com o Propranolol, e, de maneira mais
interessante, menor ocorrência de eventos cardíacos
com esse fármaco em comparação com os outros dois,
concluindo que o uso do Propranolol leva a melhores
resultados nessa população.
Fonte primária:
Journal of the American College
of Cardiology.
Referência:
P Chockalingam et al. Not all Beta-blockers
are equal in the management of Long QT Syndrome
Types 1 and 2. Higher recurrence of events under
Metoprolol. J Am Coll Cardiol 2012
;
60: 2092-9.
Márcio Figueiredo
Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas
Arritmias Cardíacas (2)
Ablação da fibrilação atrial como tratamento
de primeira linha
Embora a ablação da Fibrilação Atrial (FA) seja cada
vez mais comum, há poucos dados sobre o uso
desse tratamento como terapia de primeira linha.
Foram publicados recentemente os dados do estudo
MANTRA-PAF, que avaliou de maneira aleatória 294
pacientes com FA paroxística sem cardiopatia aparente
para ablação ou tratamento farmacológico. A análise
de intenção de tratar demonstrou que, embora não
houvesse diferença na carga de FA entre os dois
tratamentos, ao cabo de dois anos haviamenos arritmia
nos pacientes tratados com ablação. A conclusão dos
autores é de que as duas linhas de tratamento são
semelhantes ao final do seguimento.
Fonte:
New England Journal of Medicine.
Referência:
JC Nielsen et al. Radiofrequency ablation as
initial therapy in paroxysmal atrial fibrillation. N Engl J
Med 2012
;
367: 1587-95.
Márcio Figueiredo
Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas
Cardiologia da mulher (1)
Terapia de Reposição Hormonal (TRH) e
Doença Cardiovascular (DCV)
Foi realizado estudo clínico aberto, randomizado, com
1.006 mulheres saudáveis, média de idade 50 anos,
em menopausa de início recente, aleatoriamente
selecionadas para usar 2 mg de estradiol e 1 mg de
acetato de noretisterona (mulheres histerectomizadas
receberam apenas 2 mg/dia de estradiol) ou não
receber TRH. Análises foram realizadas com mulheres
que receberam mais de 80% do tratamento prescrito,
por 5 anos. Após 10 anos de seguimento, as mulheres
que receberam TRH apresentaram redução significante
do risco de mortalidade, de Insuficiência Cardíaca ou de
IAM, semelevação aparente do risco de câncer (qualquer
tipo), de tromboembolismo venoso ou de AVC.
Fonte:
BMJ 2012;345:e640.
Referência:
Effect of hormone replacement therapy
on cardiovascular events in recently postmenopausal
women: randomised trial. Louise Lind Schierbeck1, Lars
Rejnmark2, Charlotte Landbo1, Lis Stilgren3, Pia Eiken4,
Leif Mosekilde2, Lars Køber5, Jens-Erik Beck Jensen1.
Maria Alayde Mendonça
Diretora Científica do Departamento de Cardiologia da Mulher
Cardiologia da mulher (2)
KEEPS - Kronos Early Estrogen Prevention Study
Estudo randomizado, duplo-cego, controlado, em
720 mulheres saudáveis, média de idade 52 anos, em
menopausa recente. Tratamentos: a) conjugado de
estrógenos oral (0,45 mg) + progesterona oral (200 mg;
ciclicamente por 12 dias em cada mês); b) estradiol
transdérmico (50 ucg) + progesterona oral. Desfecho
primário: progressão da aterosclerose (através de
espessamento médio-intimal da carótida). O estudo
demonstrou que a TRH (estrógeno oral ou transdérmico,
em baixa dose, associado à administração mensal cíclica
de progesterona), iniciada precocemente após o início
da menopausa melhora a depressão, ansiedade, função
cognitiva e a saúde da mulher, sem que ocorra aumento
doriscocardiovascular associado (nãoocorreuprogressão
da aterosclerose ou acúmulo de cálcio coronariano).
Fonte:
23º Annual Meeting of North American Society
of Menopause. (3-6 de outubro de 2012, Orlando,
Flórida, EUA).
Referência:
23º Annual Meeting of North American
Society of Menopause. (3-6 de outubro de 2012,
Orlando, Flórida, EUA).
Maria Alayde Mendonça
Diretora Científica do Departamento de Cardiologia da Mulher
Cardiologia da mulher (3)
Impacto dos Exercícios na Pré-eclampsia (PE)
Estudo realizado em ratos induzidos laboratorialmente
para PE demonstra que exercícios feitos em treinamento
regular reduzem a incidência de PE por promoverem
maior desenvolvimento placentar, reduzir estresse
oxidativo e mecanismos inflamatórios, melhorar função
endotelial, e reverter resposta imune inadequada
presentes na PE. O ACGO atualmente desestimula
exercícios naquelas mulheres em risco de PE. Novos
estudos futuros melhor esclarecerão e definirão que
tipos de exercícios seriam benéficos para pacientes em
risco de PE, se aeróbios de impacto ou caminhadas, já
que os mecanismos de adaptação relacionados têm
diferentes adaptações.
Fonte:
Hypertension.
Referência:
Hypertension. 2012;60: 1104-1109.
Orlando Medeiros
Presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher