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Jornal SBC 122 | Setembro 2012
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Sono e distúrbio cognitivo
Distúrbios do sono correlacionam-se a declínio cognitivo iminente
ESTILO DE VIDA
Que coisa misteriosa o sono!...
Só nos aproxima da morte
para nos estabelecer melhor
dentro da vida...
(Mário de Andrade)
Dormir pouco ou demais,
respiração anormal durante
o
sono
e
sonolência
diurna
excessiva
foram
significativamente associados ao desenvolvimento de
déficits cognitivos.
Commais de 15 mil mulheres, seguidas por muitos anos,
o Estudo da Saúde das Enfermeiras tem se revelado
uma plataforma ideal para o estudo de fatores de
risco. Em relação às avaliações cognitivas, uma bateria
de seis testes distintos foi realizada pela primeira vez
quando as participantes tinham pelo menos 70 anos
de idade, e foram repetidas a cada dois anos durante
um período de seis anos, correlacionando-se à duração
média diária de sono. Em comparação com aquelas que
relataram uma média de sete horas de sono diariamente,
a média de pontuação nas quatro avaliações cognitivas
foi significativamente menor para as mulheres que
relatarammédia diária de sono de cinco horas oumenos,
e também para os relatórios de nove horas ou mais.
Em outro ensaio, 1.430 participantes de um estudo
sobre fraturas osteoporóticas, em que as mulheres
idosas foram acompanhadas por até 20 anos, houve
um subgrupo que também realizou polissonografia
e actigrafia de pulso para avaliar duração do sono,
latência e parâmetros respiratórios, bem como
avaliações da função cognitiva. As participantes que
apresentaram distúrbios respiratórios do sono, como
dessaturação de oxigênio e elevados índices de apneia/
hipopneia, tiveram o dobro do risco de um diagnóstico
de comprometimento cognitivo ou demência.
Já o estudo das três cidades (Bordeaux, Lyon,
Montpellier) seguiu cerca de 4.900 pessoas, com
65 anos ou mais por dez anos, com exames físicos
e cognitivos periódicos, bem como entrevistas
sobre estilo de vida, com o objetivo primário de
examinar os fatores de risco para o envelhecimento
cerebral. Em contraste com os achados de outros
estudos, os participantes que relataram dificuldade
em permanecer dormindo e aqueles com insônia
frequente estavam menos propensos a sofrer declínio
cognitivo durante o acompanhamento. Porém, os que
relataram frequentemente sonolência durante o dia
apresentaram maior declínio cognitivo.
A cada dia cresce o entendimento sobre o real
papel do sono. Distúrbios da duração, qualidade,
arquitetura e respiração no sono têm sido
correlacionados ao maior risco cardiovascular, e
agora também ao maior envelhecimento cerebral e
consequente declínio cognitivo.
Referências:
1) Yaffe K, et al. Sleep-disordered breathing, hypoxia,
and risk of mild cognitive impairment and dementia in older women.
JAMA
2011; 306: 613-9. 2) Canessa N, Ferini-Strambi L. Sleep-disordered
breathing and cognitive decline in older adults.
JAMA
2011; 306: 654-5.
3) http://www.medpagetoday.com/PrimaryCare/SleepDisorders/27969
AN_CETRUS_INST_MAR12_FIM_AF.pdf 1 4/3/12 11:59 AM
Imagem meramente ilustrativa