Protásio Lemos da Luz é professor sênior de Cardiologia do InCor
          
        
        
          
            da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP
          
        
        
          Custos médicos –
        
        
          a responsabilidade de cada um
        
        
          Relação Médico Paciente
        
        
          
            por Protásio Lemos da Luz
          
        
        
          Custos médicos são preocupações básicas, especialmente
        
        
          num momento de crise como agora, quando muitas pessoas
        
        
          (aproximadamente oitocentas mil), deixaram de pagar
        
        
          planos de saúde por restrições financeiras. Por outro lado,
        
        
          tecnologias recentes, como imagens, são de grande valor,
        
        
          porém caras. Como então fazer boa medicina a custos
        
        
          razoáveis? Simplificando, ajudaria muito voltar ao básico,
        
        
          ao conhecimento essencial das pessoas e das doenças.
        
        
          Primeiro, o conhecimento da fisiopatologia e da historia
        
        
          natural das doenças é essencial; sem isso, o julgamento
        
        
          clínico fica impossível e as abordagens diagnósticas e
        
        
          terapêuticas perdem bases de sustentação. Por exemplo,
        
        
          muitas doenças têm curso natural benigno; se o médico
        
        
          só observar, e tratar sintomaticamente, frequentemente a
        
        
          cura é o resultado natural. O segundo aspecto é o exame
        
        
          clínico bem feito. Tem-se argumentado, por exemplo, que o
        
        
          ecocardiograma à beira-de-leito vai substituir o estetoscópio.
        
        
          Deveria? Recentemente um estudo no
        
        
          American College
        
        
          of Cardiology
        
        
          mostrou que entre grande número de
        
        
          cardiologistas só 47% foram capazes de identificar sopros
        
        
          importantes; após treinamento, mais de 80%deles tornaram-
        
        
          se proficientes. Portanto, pode-se imaginar que ametade dos
        
        
          cardiologistas recorreram ao ecocardiograma para dirimir
        
        
          dúvidas. Esse é só um exemplo. Mas na prática brasileira,
        
        
          sabemos que o desconhecimento da doença básica;
        
        
          exames clínicos mal feitos e anamneses inadequadas são
        
        
          causas importantes de excesso de pedidos de exames
        
        
          complementares, que encarecem o cuidado médico.
        
        
          Em síntese, numa crise como a atual precisamos enfatizar o
        
        
          conhecimento clínico básico, a capacidade de julgamento do
        
        
          médico, sua experiência clínica e reservar a alta tecnologia
        
        
          para os casos realmente complexos. Essa postura reduzirá
        
        
          custos sem perda de eficiência.
        
        
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