Jornal SBC 187 | Fevereiro 2018

Relação Médico Paciente por Protásio Lemos da Luz Protásio Lemos da Luz é professor sênior de Cardiologia do InCor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP Reforma da Previdência Não sou político. A bem da verdade, detesto “política”. Ocorre que a política atual atrapa- lha minha vida de médico/pesquisador. Aliás, atrapalha a vida de todos. Chamo sua atenção para reportagem do Estado de São Paulo, de 17 de dezembro de 2017, na qual a questão da previdência é analisada. Transcrevo trechos: 1. “... o ganho médio mensal dos aposentados do Le- gislativo e Judiciário Federal foi de aproximadamente R$28 e R$22 mil respectivamente” em 2016; 2. “... A reforma da Previdência, na versão atual, afe- tará apenas 9,5% da população, justamente as pes- soas de maior renda”; 3.“... A reforma de Previdência propõe tratar os iguais de forma igual”; 4.“... O déficit per capita dos servidores foi 18 vezes maior do que dos trabalhadores do setor privado em 2016”; 5.“... Aposentar com salário integral não existe no res- to do mundo. O sistema não aguenta isso, não tem como arcar com esse custo”. E mais: “380 mil funcionários federais vão se aposentar com o último salário da carreira e com reajustes iguais aos da ati- va se o governo voltar atrás e permitir regras mais leves”. Se o governo aceitar esta proposta mais branda, isto bene- ficiaria 52% dos servidores federais − inaceitável. Há juízes ganhando mais de R$ 200 mil/mês, graças aos “pendurica- lhos”. Até a Ministra Raquel Dodge, Presidente do STJ, está inconformada com isto. Estes valores ultrapassam de longe o teto salarial estabelecido por lei (ver o Estado de São Paulo, 20 de dezembro de 2017). Por outro lado, economistas, sociólogos e entidades interna- cionais especializadas recomendam enfaticamente a reforma da Previdência. Agora, os deputados e as classes privilegia- das são contra. Os deputados não votaram porque têmmedo de não se reelegerem. É ao contrário – eles não devem ser reeleitos porque não votaram, porque não pensam no país. Só pensam neles. Por isto tenho dito e repito: estes políticos não representam o povo, não me representam, não repre- sentam você. O Brasil não é um país pobre, é um país saqueado. Acordem! Estas injustiças têm que acabar. 18

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