Jornal SBC 191 | Junho 2018

Relação Médico Paciente por Protásio Lemos da Luz Protásio Lemos da Luz é Professor Sênior de Cardiologia do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Por muito tempo, escolas de Medicina e sistemas de saú- de têm-se preocupado com diagnósticos e tratamentos de doenças. Esta filosofia mostrou-se frustrante e muito cara. Praticamente todos os sistemas de saúde do mundo estão financeiramente desequilibrados. No Brasil, a situação do Sistema Único de Saúde (SUS) é especialmente dramáti- ca. Grande número de pessoas doentes continua sem as- sistência, muitos recebem assistência precária, os medica- mentos são caros, e os exames demoram a ser marcados. Uma alternativa é investir mais na promoção da saúde populacional, sem descuidar, é claro, das medidas de tra- tamento para quem já está doente. No caso das doenças cardiovasculares (DCV), cuja causa principal são os fato- res de risco (FR) clássicos, o investimento objetiva evitar hipertensão arterial, tabagismo, dislipidemia, sedentaris- mo, obesidade e diabetes. Em síntese, deve-se promo- ver vida saudável e tratar precocemente alterações que sabidamente causam as DCV. Nesse sentindo, algumas medidas se impõem: (1) avaliação clínica sistemática a partir de 35 a 40 anos; (2) adotar programa de exercícios regulares, cujos pormenores devem ser discutidos entre médico e paciente; (3) não fumar; (4) manter peso ade- quado; (5) seguir dieta tipo mediterrânea (rica em peixes, frutas, vegetais e pobre em gorduras saturadas); (6) enco- rajar atividades sociais e familiares − estudos recentes in- dicam que tais costumes são essenciais para vida longa e feliz; (7) encorajar atividades intelectuais e reflexivas com finalidades de prevenir declínio cognitivo; e (8) iniciar pro- gramas de prevenção desde a juventude, especialmente em pessoas com história familiar da doença. Vários fatores de risco são assintomáticos e até prazerosos, como fumar e comer bem. Para promover saúde, hábitos de vida saudáveis precisam ser adotados. Não é fácil. Com frequências, as pessoas precisam reavaliar as próprias prioridades da vida. Vale a pena deixar de fumar e fazer exercícios? Vale a pena fazer sacrifício para emagrecer? Para promover saúde os médicos necessitam de nova postura: precisam trabalhar junto dos pacientes no dia a dia, e não só quando eles estão doentes. vs. Promoção da saúde tratamento de doenças 26

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