Jornal SBC 196 | novembro 2018

O coração da mulher Crônicas do Coração por Fernando Lianza Dias Crônicas do Coração por Fernando Lia za ias Fernando Lianza Dias é especialista em Cardiologia pela SBC/AMB, médico Preceptor de Cardiologia, Chefe do Serviço de Risco Operatório do Hospital Universitário Lauro Wanderley da UFPB, Diretor Científico da Cardioclin e Coordenador do Núcleo de Prevenção das Doenças Cardiovasculares no Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal Da Paraíba (UFPB). Aproximadamente até os anos 1970, os cardiologistas do mundo inteiro acreditavam que as mulheres tinham baixo risco de desenvolver doenças cardiovasculares e quando o tinham, acreditava-se que, em sua maioria, eram casos simples de se resolverem, ou seja, de fácil controle clínico. Tal conclusão era fruto da má interpre- tação das queixas femininas nos consultórios médicos e da falta de pesquisas envolvendo seu coração. A partir dos anos 1980, a vertente de avanços na Car- diologia contou com o aparecimento dos chamados trials (grandes estudos), ensaios clínicos dos mais con- sistentes, conclusivos na busca de uma Cardiologia moderna, versátil, eficiente e elucidativa, que se prolife- raram pelo mundo, principalmente na América do Norte e Europa. Alertando da forma mais veemente os car- diologistas de todo o mundo, a acompanharem o ritmo científico e evolutivo dos continentes citados, formulan- do suas bases e entendimentos, de que as mulheres também adoeciam do coração, com os riscos similares ao dos homens, principalmente quando se aproxima- vam e ultrapassavam a menopausa. O Brasil abraçou de imediato esse grande impacto revolucionário dentro do contexto científico universal. Atualmente, podemos confirmar este avanço, respalda- dos em novos estudos e pesquisas, como também pelo aparecimento, inicialmente, dos consensos e, posterior- mente, das diretrizes da especialidade cardiológica, com ênfase na América do Norte, Europa e Brasil. É eviden- te na nossa experiência profissional que persiste o risco para as mulheres menopausadas, porém com o agra- vamento que preocupa a comunidade científica e, por consequência, toda a população do planeta, que não é outra senão o aumento progressivo dos eventos cardio- vasculares, em particular o infarto agudo do miocárdio, incluindo, de forma alarmante, o sexo feminino, a par- tir da adolescência. A explicação inicial foi o advento do mundo globalizado com mudanças radicais do seu mo- dus vivendis. Seu conteúdo é complexo e abrange mudanças na vida da humanidade deste século, podendo, a título de ilus- tração, informar, de forma enfática, uma mudança radical no estilo de vida, o que trilhou, indubitavelmente, um ca- minho aberto para a eclosão de vulnerabilidade do siste- ma cardiovascular, podendo citar o estresse, o aumento do colesterol, a hipertensão arterial, o tabagismo, o se- dentarismo e os maus hábitos alimentares.  Em termos de Brasil, podemos acrescentar que as prin- cipais capitais brasileiras, incluindo a nossa cidade , li- deram as estatísticas mundiais em morbidade e morta- lidade entre mulheres de 50 a 65 anos. Essa assertiva é referendada pelas mais conceituadas instituições de Cardiologia do Brasil e da América do Sul. O maior objetivo dessas linhas de advertência e informa- ção ao sexo feminino é que o risco cardiovascular coloca as mulheres em um patamar praticamente igual ao do 26

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