Jornal SBC 209 | dezembro 2019

congênitas do que crianças, o que, naturalmente, proporcio- na um número considerável de mulheres em idade reproduti- va. A escassez de publicações sobre a evolução da gestação nessas mulheres motivou tal estudo”, afirma a coordenadora do estudo, Walkiria Samuel Avila. A coordenadora explica que, no grupo de 40 gestantes por- tadoras de cardiopatias congênitas classificadas como com- plexas pela Conferência de Bethesda, as cardiopatias de base distribuíram-se em: transposição das grandes artérias, atresia pulmonar, atresia tricúspide, ventrículo único, dupla via de saída de ventrículo direito, dupla via de entrada de ventrículo esquerdo e outras lesões estruturais. As cirurgias realizadas foram Rastelli, Fontan, Jatene, Senning, Mustard e outros procedimentos combinados, como tunelização, Blalock Taussing e Glenn. Oito pacientes (20%) não haviam sido operadas e 19 (47,5%) apresentavam hipoxemia. O protocolo de atendimento incluiu: registro da saturação de oxigênio, hemoglobina sérica, hematócrito, ajuste das me- dicações, anticoagulação individualizada e hospitalização a partir de 28 semanas de gestação, em face da gravidade dos quadros clínico e obstétrico. Na análise estatística, o nível de significância adotado foi de 0,05, de acordo com o artigo. O resultado de tal estudo mostra que somente 17 ges- tações (40,5%) não tiveram complicações maternas nem fetais. Houve 13 problemas maternos (30,9%) e 2 óbitos (4,7%) causados por hemorragia pós-parto e pré-eclâmp- sia grave, ambas em pacientes que apresentavam hipo- xemia. Houve 7 perdas fetais (16,6%), 17 bebês prema- turos (40,5%) e 2 recém-nascidos (4,7%) com cardiopatia congênita. As complicações materno-fetais foram signi- ficativamente maiores em pacientes que apresentavam hipoxemia. “O rígido protocolo de atendimento durante a gestação, o parto e o puerpério não evitou óbitos maternos, prematuri- dade e perdas fetais em portadoras de CCC. A hipoxemia foi um fator de mau prognóstico e, se a evolução materna foi insatisfatória, pior foi a parte reservada ao concepto. Embora a autonomia da intenção à concepção precise ser respeitada, a gestação ainda deve ser desaconselhada em mulheres com CCC”, conclui o artigo. O artigo completo se encontra no link http://publicacoes. cardiol.br/portal/abc/portugues/2019/v11306/gravidez- -em-portadoras-de-cardiopatias-congenitas-complexas- -um-constante-desafio.asp 22

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