Jornal SBC 208 | novembro 2019

Protásio Lemos da Luz é Professor Sênior de Cardiologia do InCor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Uma abordagem global Segundo a Organização Mun- dial da Saúde (OMS), as doenças neuropsiquiátricas são atualmente a causa principal de incapacidade nos Estados Unidos e Canadá, seguida de doenças cardiovasculares e neo- plasias. No Brasil, não é diferente. São inúmeras as doenças neuropsi- quiátricas, incluindo ansiedade, sín- drome do pânico e depressão. No estudo Inter-Heart, já se observou que fatores psicossociais represen- tavam o terceiro grupo de fatores de risco para infarto do miocárdio, atrás apenas de dislipidemia e tabagis- mo. Um dos problemas associados às doenças psíquicas é o suicídio. O número de suicídios entre jovens e profissionais liberais, incluindo es- tudantes de medicina e médicos, é preocupante. Depressão é o deno- minador comum nesses suicídios. Muitas pessoas depressivas levam uma vida aparentemente normal no trabalho e no convívio social. Assim, os dramas emocionais não são facil- mente percebidos, pois são mantidos na privacidade. Problemas familiares, econômicos, conjugais, de emprego ou desajustes sociais não são ha- bitualmente tratados pelos médicos nas consultas e avaliações clínicas. O próprio sistema de saúde brasileiro, com tempo limitado para consultas, é um fator limitante para um relaciona- mento mais profundo. A constatação do peso das doenças neuropsiquiátricas requer uma revi- são dessa postura médica. Basica- mente, necessita-se de uma aborda- gem global do doente, considerando aspectos humanos no mesmo nível que os problemas físicos e bioquími- cos das doenças. É preciso curar as dores do corpo, mas também ameni- zar o sofrimento do espírito. Relação Médico Paciente por Protásio Lemos da Luz 26

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