Jornal SBC 206 | setembro 2019

30 Protásio Lemos da Luz é Professor Sênior de Cardiologia do InCor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Impacto da crise nas universidades Recentemente, o jornal O Estado de São Paulo publicou re- portagem sobre a situação calamitosa de várias universida- des federais, em vários estados. Houve contingenciamento dos recursos financeiros que deveriam ser repassados às universidades da ordem de 30% ou mais; acresce que, nos últimos anos, orçamentos do Ministério de Ciência, Tec- nologia, Inovações e Comunicações e do Ministério da Educação já foram significativamente reduzidos. Em con- sequência, algumas universidades não têm recursos nem para o custeio rotineiro e manutenção de estruturas, lim- pezas, etc. Outras não mantêm sequer o restaurante para os alunos. Bolsas de estudos foram cortadas ou estão em risco. Há relatos pungentes de estudantes cujos sonhos foram destruídos. Não há verba suficiente para pesquisa. Evidentemente esta situação não pode ser atribuída ao atual governo, que está meramente tentando sanar as contas públicas. Assistimos a consequências de políticas errôneas de governos passados, que não priorizaram saú- de, educação e ciência. Não precisa ser um especialista em desenvolvimento e educação para saber que essa Relação Médico Paciente por Protásio Lemos da Luz Cardio-oncologia: como a nutrição pode ajudar? Com o aumento expressivo dos sobreviventes de cân- cer, uma nova demanda de cuidado surge: a Cardio- -oncologia. Essa nova subespecialidade se dedica, em vários momentos do tratamento, a prevenir e tratar os efeitos adversos cardíacos causados pela quimiote- Nutrição rapia e/ou radioterapia. Apesar de esses tratamentos apresentarem inúmeros benefícios, um dos seus efei- tos colaterais é a provável toxicidade cardiovascular causada ao paciente, muitas vezes de modo dose-de- pendente e nem sempre com danos reversíveis. A di- situação é um desastre total para o país. Isso afugenta jovens pesquisadores, que estão deixando o país, e em- perra o desenvolvimento científico, que ajudariam o país a progredir. Esta situação calamitosa, entre outras, trans- forma o Brasil para pior: em vez de ser um país moderno e de futuro, tornou-se um país do qual as pessoas fogem. Isso é desolador, sobretudo porque o Brasil tem as con- dições básicas de extensão e riquezas naturais para ser uma nação rica e desenvolvida. Porém, para que isso aconteça, necessitamos atender certos requisitos bá- sicos. De fato, precisamos urgentemente de reformas estruturais profundas; a da previdência é só a primeira; precisamos de reforma tributária, política e outras. Preci- samos continuar combatendo a corrupção. Dentre os inú- meros e graves problemas do país, os relativos a ciência, desenvolvimento e educação merecem alta prioridade. Os governantes, nos vários poderes, precisam atuar ur- gentemente nesses campos. A sociedade precisa estar alerta e cobrar ações e responsabilidades. O Brasil não pode mais esperar.

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