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Jornal SBC 106 | Maio 2011 16

FORA DO CONSULTÓRIO

Na década de 1940, quando a “jovem guarda” se reunia em São Paulo na Praça Júlio de Mesquita, “esquentando” para as noitadas de boemia na boate Oasis, no Avenida Danças ou no Paribar, o português dono do Mester sempre reclamava que, se tinha preparado pizza de mozarela, havia sempre quem pedisse um pedaço da de calabresa; ele então fazia, vendia uma fatia, e o resto ia para o lixo, e ele acabava no prejuízo. Foi então que Severino Guido Magnoni, pai do atual coordenador do Selo de Aprovação da SBC, Daniel Magnoni, sugeriu usar uma forma menor e fazer pizzas pequenas, do tamanho de um prato.

A ideia deu tão certo, que o proprietário do bar deu a Severino a honra de batizar a nova pizza, e ele, já então irreverente, flosofou: “Todo mundo quer comer os brotinhos, a pizza vai ser Brotinho também”. Tinha nascido um dos grandes sucessos culinários de São Paulo, que continuava sendo produzido em larga escala quando, anos mais tarde, o já então engenheiro químico e respeitável Severino, casado e com flhos, passou a fazer turismo gastronômico com a família, por Portugal, Itália, França e Espanha, por exemplo.

Depois que Daniel se formou em Medicina, fez residência no Hospital do Coração e mestrado na Unifesp; o diretor do HCor, Leopoldo Piegas, disse que precisava de alguém para cuidar da nutrição dos pacientes graves, e a escolha lógica foi Daniel. Afnal, continuando a tradição do pai, ele fazia “turismo

Pai que batizou pizza brotinho leva cardiologista à nutrição

gastronômico”, até mesmo pelo Mediterrâneo, para estudar a dieta da região e “o paradoxo francês”.

Hoje, anos depois, Daniel é diretor de Nutrição do Instituto Dante Pazzanese, chefe do Serviço de Nutrologia do HCor, e seu campo extrapolou largamente a Cardiologia, pois, pelo Funcor, se envolveu na campanha pela redução do consumo do sal pela população brasileira e, juntamente com o diretor de Promoção à Saúde Cardiovascular, Dikran Armaganijan, está empenhado em levar o projeto “Obesidade Zero” a toda a América Latina. E pela repercussão da apresentação que fez, na Nutrition Week, um congresso no Canadá, vai conseguir. Irreverente como o pai, Daniel deu o nome “Obesidade Zero”ao projeto, parafraseando o “Fome Zero” do governo federal. E explica: “O Fome Zero tentou ajudar sete milhões de brasileiros, mas nosso programa vai atuar em 40 milhões de pessoas”.

Embora reconheça que nunca deu pizza brotinho para os pacientes, Daniel insiste que “o conceito de gastronomia hospitalar hoje está linkado de forma muito contundente ao conforto do paciente; o problema não é a qualidade ou sofsticação, o leque de opções é muito grande, nossa preocupação é com a quantidade e o momento de ‘retorno ao lar’, na preparação de pratos básicos ao doente convalescente”.

É esse conceito que ele difunde em mais uma de suas atribuições, a de colunista da revista Gula, onde escreve a coluna “Dr. Gourmet”. Nela, vai contar ao público, em geral, um pouco do universo culinário e gastronômico em mais de 20 anos de congressos ao redor do mundo.

Severino Guido Magnoni entre os netos

O Fome Zero tentou ajudar sete milhões de brasileiros, mas nosso

programa vai atuar em 40 milhões de pessoas.

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