Jornal SBC 127 | Fevereiro 2013
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PREVENÇÃO
Evento após o Brasil Prevent mensurou fatores
de risco de 328 pessoas
Dados levantados após a caminhada em Copacabana mostram que população conhece os fatores de risco,
mas ainda não os controla
A tabulação dos 328 atendimentos feitos após a
caminhada que encerrou o III Brasil Prevent, no Rio
de Janeiro, indica que a maioria da população que
participou conhece os fatores de risco, os hipertensos
sabem de sua condição, quem tem colesterol alto está
ciente de que é preciso baixá-lo e é ampla a consciência
de que é preciso eliminar o sobrepeso. Apesar dessa
consciência, que comprova a eficácia das campanhas
de divulgação da SBC e da Socerj, os participantes do
evento ainda reclamam que não conseguem eliminar
os fatores de risco, especialmente a circunferência
abdominal excessiva.
Para a presidente da Socerj, Gláucia Moraes, que
coordenou o evento, os números levantados
preocupam, pois quem participou da caminhada
“Eu cuido do meu coração” representa uma fatia da
população que está preocupada com a saúde e que, em
tese, pelo menos, deve estar em melhor condição do
que a média da população.
Eventos cardiovasculares
A maior surpresa foi o elevado percentual de eventos
cardiovasculares estimado pelo escore NHANES no
sexo masculino, comenta Gláucia. Cerca de 80% dos
homens avaliados apresentaram risco de eventos
cardiovasculares superior a 10% nos próximos 10
anos. Embora em menor escala, o mesmo aconteceu
com as mulheres, que foram a maioria dos avaliados,
69%. Aproximadamente 65% delas apresentaram
estimativa superior a 10% de EVC nos próximos dez
anos.
Avaliação
A avaliação indicou que 71% da amostragem sabe que
pressão alta é um problema de saúde, 42% conheciam
sua condição de hipertenso e 91% tomam a medicação
indicada, o que é um índice muito acima do registrado
na média da população. No entanto, somente 27%
apresentavam-se com níveis tensionais dentro da
normalidade. A situação é pior em relação à glicemia, só
38% conhecem seu nível glicêmico, 13% se declararam
diabéticos, e desses, 93% tomam a medicação.
Também impressiona o fato de que apenas 41%
conhecem seu nível de colesterol, 35% dos quais
sabem que é elevado e devem procurar baixá-lo. O
melhor índice de conhecimento é o relativo ao peso,
97% da amostra conhecem seu peso, mas só 14%, sua
circunferência abdominal.
Realização de exames
Os exames realizados nas tendas montadas no Parque
Garota de Ipanema indicam que 32% dos participantes
da caminhada têm hipertensão, 70% dos homens e
79% das mulheres têm circunferência abdominal fora
do padrão, e 47% dos entrevistados registram excesso
de peso, índice que sobe para 61% quando se trata de
idosos.
Esses dados levantados reforçam a ideia de que a
prevenção primária e secundária é a base da redução
da alta mortalidade pelas doenças cardiovasculares e,
consequentemente, pelas DCNT.
Os dias temáticos da SBC, voltados para o controle da
hipertensão, do colesterol, do diabetes e da obesidade,
vão priorizar este ano a infância e adolescência e serão
realizados em todas as Unidades Básicas de Saúde.
A divulgação do programa está dando trabalho à
Diretoria de Promoção de Saúde Cardiovascular
porque, embora vários Estados tenham endossado a
campanha de prevenção de fatores de risco da SBC no
SUS, o comando das Prefeituras mudou e é necessário
contatar e convencer os novos secretários municipais
a se engajarem na programação. Os contatos estão
sendo feitos com o Conselho Nacional de Secretários
Municipais de Saúde (Conasems) e com os Cosems, a
entidade de cada Estado.
Já no ano passado, o Cosems de São Paulo divulgou,
também em seu site, as cartilhas, aulas e alertas sobre
os fatores de risco para o coração preparados pela SBC,
e o exemplo foi seguido pelos Cosems do Ceará, do Rio
Grande do Sul e do Paraná.
A proposta é de que em todos os Estados os
estudantes sejam informados dos riscos para o
Dias temáticos deste ano serão voltados para as
crianças e adolescentes
Em São Paulo, projeto SBC vai à Escola vai ser através de acordo de
cooperação com Secretaria de Estado da Educação
coração, pois está comprovado que é mais fácil
que a mensagem seja assimilada pelo jovem, que a
difunde em casa, até mesmo alertando os pais para
os riscos de comidas muito gordurosas e do abuso
das frituras. Em São Paulo, porém, a campanha será
mais ambiciosa e a Secretaria da Educação listou 128
escolas onde será desencadeado o projeto “SBC vai à
Escola”, lançado pela atual gestão.
Projeto SBC vai à Escola
Nessas unidades escolares, que somam 13 mil
alunos, haverá, além da divulgação dos fatores de
risco, a capacitação das merendeiras, aulas para
engajar os diretores e professores e também a
medição dos parâmetros dos estudantes, correlação
peso-altura, nível de colesterol, pressão arterial e
conscientização do que é uma vida saudável.
Para o diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular,
essa espécie de projeto piloto vai resultar num
primeiro quadro estatístico mostrando qual a
porcentagem de quais fatores de risco estão
presentes na criança e no adolescente. Como
as medidas serão feitas no início e no final do
programa, será possível também avaliar a eficácia
do projeto da SBC.