Jornal SBC 131 | Junho 2013
        
        
          
            14
          
        
        
          
            ESTILO DE VIDA
          
        
        
          
            Os novos números da
          
        
        
          
            doença cardiovascular no Brasil
          
        
        
          
            Dados que precisamos saber para a nossa prática clínica
          
        
        
          As Doenças Cardiovasculares
        
        
          (DCV)
        
        
          são
        
        
          responsáveis
        
        
          por um terço dos 326.371
        
        
          óbitos
        
        
          registrados
        
        
          no
        
        
          Brasil em 2010. Dados do
        
        
          IBGE (Instituto Brasileiro
        
        
          de Geografia e Estatística)
        
        
          demonstram uma redução
        
        
          de 20% nas mortes por DCV
        
        
          (149,4/1.000 em 2008, contra
        
        
          187,9/1.000 em 1996). Tal
        
        
          redução tem sido atribuída
        
        
          principalmente à expressiva
        
        
          redução do consumo de
        
        
          tabaco (de 31%, em 1989, para 16,1%, em 2008), à
        
        
          disponibilidade de avançadas tecnologias para o
        
        
          tratamento das emergências e ao maior acesso aos
        
        
          serviços de saúde no país.
        
        
          No último relatório dos Indicadores de Desenvolvimento
        
        
          Brasileiro, divulgado pelo Ministério do Planejamento
        
        
          em 2013, observa-se uma redução de 32,6% no número
        
        
          de mortes por Acidente Vascular Encefálico (AVE), que
        
        
          até então representava a principal causa de óbitos
        
        
          no Brasil, cedendo agora a primeira posição para a
        
        
          Doença Arterial Coronariana (DAC). Ocorreram 99.995
        
        
          mortes por DAC e 96.732 por AVE. Esse indicador parece
        
        
          apontar para um melhor conhecimento e controle da
        
        
          Hipertensão Arterial (HA) no país, uma vez que a doença
        
        
          representa a mais importante causa de AVE. Uma vitória
        
        
          das campanhas de conscientização da população,
        
        
          do melhor tratamento e maior disponibilidade de
        
        
          fármacos. Embora a HA também esteja intimamente
        
        
          relacionada ao desenvolvimento de DAC, esta última
        
        
          sofre igualmente influências de outros fatores de risco,
        
        
          como hipercolesterolemia, diabetes, tabagismo. O
        
        
          declínio de mortes por DCV não foi, contudo, uniforme
        
        
          nas várias regiões brasileiras. Nesse período, observa-
        
        
          se um claro declínio na proporção relativa de óbitos
        
        
          por DCV nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, uma
        
        
          estabilização desses índices na região Centro-Oeste,
        
        
          mas um aumento desses desfechos ainda é observado
        
        
          nas regiões Nordeste e Norte.
        
        
          A esperança de vida ao nascer dos brasileiros passou
        
        
          de 70,7 anos, em 2001, para 74 anos e 29 dias, em
        
        
          2011. Para as mulheres brasileiras, a expectativa de
        
        
          vida é de 77,7 anos, enquanto para os homens é de
        
        
          70,6, bem menor que do Japão, onde a expectativa
        
        
          global é de 86,3 anos. A seguir o atual ritmo, o Brasil
        
        
          alcançará essa cifra apenas em 2050. Em relação ao
        
        
          Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização
        
        
          das Nações Unidas (ONU), baseado em indicadores de
        
        
          renda, saúde e educação, o relatório referente ao ano
        
        
          de 2012 mostra que o Brasil manteve a 85a posição no
        
        
          ranking
        
        
          mundial. O índice varia em uma escala de 0 a 1.
        
        
          O Brasil registrou IDH de 0,730, ante 0,728 em 2011.
        
        
          A primeira colocação no
        
        
          ranking
        
        
          mundial permanece
        
        
          com a Noruega (0,955), seguida por Austrália (0,938)
        
        
          e Estados Unidos (0,937). O Brasil ficou abaixo de
        
        
          quatro países da América do Sul: Chile (40
        
        
          o
        
        
          lugar),
        
        
          Argentina (45
        
        
          o
        
        
          ), Uruguai (51
        
        
          o
        
        
          ) e Peru (77
        
        
          o
        
        
          ), colocando-
        
        
          se, contudo, à frente de Equador (89
        
        
          o
        
        
          ) e Colômbia
        
        
          (91
        
        
          o
        
        
          ). Em relação aos países do grupo de emergentes,
        
        
          os “Brics” (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o
        
        
          Brasil está abaixo apenas da Rússia, que registra 0,788
        
        
          e é a 5
        
        
          a
        
        
          colocada. A média de escolaridade no país é
        
        
          de 7,2 anos, a menor da América do Sul, e a renda per
        
        
          capita anual é de US$ 10.152. Lembrando Max Nunes,
        
        
          colega médico e escritor, “o Brasil precisa explorar com
        
        
          urgência a sua riqueza, porque a pobreza não aguenta
        
        
          mais ser explorada”.
        
        
          Referência:
        
        
          1) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde/
        
        
          MS Mortalidade por doenças crônicas no Brasil: situação em 2010
        
        
          e tendências de 1991 a 2010.
        
        
        
          /
        
        
          portalsaude/arquivos/pdf/2013/Fev/21/saudebrasil2011_parte1_
        
        
          cap4.pdf
        
        
          2)
        
        
          Brasil.
        
        
          Ministério
        
        
          do
        
        
          Planejamento.
        
        
          Indicadores
        
        
          de
        
        
          Desenvolvimento
        
        
          Brasileiro,
        
        
        
          .
        
        
          br/secretarias/upload/Arquivos/publicacao/indicadores_de_
        
        
          desenvolvimento.pdf
        
        
          
            ESQUINA CIENTÍFICA
          
        
        
          Luís Beck da Silva |Co-editor
        
        
        
          
            Cardiologia da Mulher
          
        
        
          
            Efeitos de Terapia de Reposição Hormonal ( TRH ) nos eventos cardiovasculares em mulheres que entraram recentemente na menopausa:
          
        
        
          
            Estudo randomizado
          
        
        
          O Danish Osteoporosis Prevention Study (DOPS) foi um estudo multicêntrico avaliando o efeito de TRH na prevenção de fratura osteoporótica. Incluía 1.006
        
        
          mulheres saudáveis comentrada recente namenopausa com idade 45-58 anos e últimamenstruação 3 a 24meses antes e níveis de FSH elevados.  Receberam
        
        
          estradiol trifásico e acetato de noretisterona. Mulheres histerectomizadas foram incluídas recebendo apenas estradiol. Os desfechos compostos primários
        
        
          foram morte, IAM, e insuficiência cardíaca. Após 10 anos de randomização houve queda significativa desses marcadores sem que houvesse aumento de
        
        
          risco para AVC, TVP, qualquer câncer ou embolia pulmonar. Efeitos benéficos persistiram seis anos após num acompanhamento sem randomização.
        
        
          
            Fonte primária:
          
        
        
          BMJ
        
        
          
            Referência:
          
        
        
          BMJ 2013
        
        
          
            Orlando Medeiros
          
        
        
          Presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher