Jornal SBC 159 | Outubro 2015 - page 14

Jornal SBC 159 · Outubro · 2015
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Sociedades Internacionais
ISE
“Estamos deixando a presidência
da International Society of
Electrocardiology, que presidimos
de 2013 a 2015; a partir de julho
de 2015 e até junho de 2017,
ela estará sob a presidência
de Wojcieh Zareba. O 43
rd
International
Congress
of
Electrocardiology, congresso anual
da ISE, será realizado em Palma
de Majorca em 2016 e seus organizadores serão
Miguel Fiol, juntamente com Antoni Bayés
de Luna”, informa o presidente da ISE, Carlos
Alberto Pastore.
SIAC
De 9 a 15 de agosto, tive a
oportunidade de participar
de uma Missão Humanitária,
organizada pela Federação
Argentina de Cardiologia
(FAC), American Society of
Cardiology, e pela Sociedade
Interamericana de Cardiologia
(Siac). Éramos 17 cardiologistas,
sendo a maioria argentinos,
dois americanos e eu brasileira, e cinco técnicos
em ecocardiografia americanos. Todos fomos de
forma voluntária e pagando nossas despesas de
viagem. Fomos a Tartagal, província de Salta, no
norte da Argentina, que é uma pequena cidade
localizada perto da selva, onde várias tribos
indígenas argentinas vivem. Durante cinco dias,
examinamos 620 indígenas de todas as idades,
que compareciam à Rádio Indígena de Tartagal.
Os pacientes eram examinados, realizávamos
ECG em todos e um ecocardiograma completo,
com os cinco excelentes aparelhos levados
pela Phillips, uma parceira importantíssima
dessa missão. Para minha surpresa, não havia
muita doença reumática (apenas dois casos
de estenose mitral), pois, como soube então,
a doença está praticamente erradicada na
Argentina, ao contrário do que ocorre no Brasil,
Carlos Alberto
Pastore
Presidente da ISE
Marcia Barbosa
Ex-presidente da SIAC
onde, devido ao absurdo da atual falta de
Benzetacil, começamos inclusive a ver casos
agudos de doença reumática! Encontramos
poucos casos de Chagas (e praticamente nenhum
com disfunção ventricular importante), uns 25
casos de cardiopatia congênita (que puderam
ser encaminhados ao hospital de Salta, onde
serão operados). Esse apoio fornecido pelos
colegas de Salta foi essencial, inclusive para
atendimento de urgências – tivemos um bebê
com tamponamento cardíaco que necessitou ser
drenado com urgência.
Porém, a maioria das doenças encontradas não
diferia da prevalência em povos não indígenas:
hipertensão, obesidade, diabetes, triste expressão
da incorporação pelos indígenas dos péssimos
hábitos de vida dos povos “civilizados”. Isso vem
reforçar a importância da Campanha 25 x 25 da
World Heart Federation, e o papel crucial que
nós cardiologistas precisamos ter no controle dos
fatores de risco.
Essa foi uma das experiências mais marcantes
de minha vida. Trabalhamos muito (de 8h
às 20h, todos os dias), choramos muito com
algumas realidades chocantes que vimos
(pobreza extrema, mulheres de 35 anos com 14
filhos e que pareciam ter 60 anos – a questão
planejamento familiar simplesmente não existe
na cultura deles), surpreendemo-nos muito com
a sabedoria desses povos, com o conhecimento
de suas tristes realidades, com a importância
da mulher nas tribos (fato que me encantou
particularmente: várias tribos têm caciques
Foto: Arquivo Pessoal /
Marcia Barbosa
Missão Humanitária
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