O olhar do médico
O olhar do médico é o equilíbrio entre a ciência e o hu-
manismo, a razão e o sentimento, a observação e a in-
terpretação, a constante busca pela paz mesmo no eter-
no combate aos males que põem em risco tanto o corpo
quanto a mente. Aos olhos atentos do médico expe-
riente, muitas doenças são diagnosticadas pela simples
observação. A exoftalmia do hipertireoidismo, o esforço
respiratório do enfisema, a dispneia e os edemas da in-
suficiência cardíaca, a face congesta da doença renal, o
vespertío do lúpus, o tom de pele do Addison, a marcha
atáxica do distúrbio cerebelar, mas também, o semblante
sem horizontes da depressão e a inquietude da ansieda-
de, são alguns dos muitos diagnósticos feitos no dia a dia
dos consultórios, mesmo antes de iniciada a anamnese,
o diálogo entre médicos e pacientes.
Cada vez mais, a visão do médico é amplificada pelo
avanço tecnológico de tomografias, ressonâncias, ultras-
sons, cintilografias, provas laboratoriais e toda a parafer-
nália de que a moderna medicina dispõe para desvendar
diferentes distúrbios ocultos, possibilitando diagnósticos
cada vez mais precoces e precisos. Mas, mesmo com to-
dos esses intrincados recursos, não existem exames que
quantifiquem a intensidade da dor, o grau da angústia, a
magnitude do estresse ou os tormentos da alma, males
que só podem ser percebidos pelo olhar atento e sensível
de quem escolheu salvar e preservar vidas.
Para o bom médico, tão importante e tão necessário
quanto descobrir qual é a doença que aflige o indivíduo é
decifrar quem é a pessoa acometida pela doença. O olhar
do médico não é só de investigação, a laboriosa interpre-
tação de fragmentos de sintomas e sinais para o encontro
do diagnóstico mais correto e o mais indicado tratamento.
É também o olhar de bem querer, de compaixão e muitas
vezes de consolo diante de tão frequentes derrotas para
os males sem solução. É missão do verdadeiro médico
ver com os olhos e enxergar com o coração.
Palavra do Presidente
MARCUS VINÍCIUS BOLÍVAR MALACHIAS
Foto: Pedro Vilela
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