“Eu reconheço
que há tabelas
muito defasadas e
que os incentivos
foram criados
para dar uma
equilibrada nas
contas. Distorções
implementadas
precisam ser
revistas”
“Nós pretendemos fazer a revisão de todos
os protocolos e diretrizes terapêuticas”
“Precisamos descascar mais e desembalar menos”
Jornal SBC:
E qual seria o modelo ideal?
Jornal SBC:
Os medicamentos para a hipertensão e colesterol, disponíveis na Farmácia Popular, não são os
mais eficazes. O Ministério pretende atualizar a lista de medicamentos, inclusive com remédios que já possuem
patentes liberadas?
Jornal SBC:
Como assim?
Ricardo Barros:
Temos três modelos de financiamento de saúde no Brasil. O copagamento, que é a Farmácia Popular, o go-
verno paga uma parte e o cidadão paga a outra. O pagamento por demanda, que são as UPA, onde o governo estabelece um
serviço, diz como aquele serviço deve funcionar e ficar à disposição da população, e paga 50% do custeio. A UPA funciona com
50% do Governo Federal, 25% do Estadual e 25% do Municipal. O serviço fica aberto e não fatura produção. E o terceiro é o
pagamento do serviço como está na tabela SUS.
Ricardo Barros:
Nós precisamos escolher um modelo ideal para financiar a saúde, mas eu não me arrisco a pensar nisso antes
de termos a informatização total do sistema e sabermos, de fato, o que acontece. Só então poderemos escolher uma maneira
na qual o governo possa financiar um bom serviço de saúde, sendo justo com todos os prestadores. Porque hoje os hospitais
que não têm o credenciamento da rede recebem R$ 400,00 em uma diária de UTI, e o outro do lado tem o credenciamento e
recebe R$ 800,00, na mesma diária. Essa distorção só pode ser resolvida com uma revisão geral do sistema, mas eu reconheço
que há tabelas muito defasadas e que os incentivos foram criados para dar uma equilibrada nas contas. Distorções implemen-
tadas precisam ser revistas.
Ricardo Barros:
Nós pretendemos fazer a revisão de todos os protocolos e diretrizes terapêuticas, inclusive o que está sendo oferta-
do na Farmácia Popular. É um trabalho que já se iniciou e os especialistas, em cada área, estão sendo convocados para discussão
de que forma podemos modernizar os protocolos do SUS sem que isso, necessariamente, represente aumento de custo.
Jornal SBC:
Uma consulta médica no SUS custa, em média, R$ 10,00. Como promover a melhoria do atendimen-
to com honorários tão baixos?
Ricardo Barros:
Nós temos hoje o financiamento do Sistema Único de Saúde com 60% dos recursos pagos pela tabela SUS.
Essa que está defasada há muito tempo. Os outros 40% são incentivos, que são pagamentos da rede de urgência e emergência
e da rede cegonha. São pagamentos maiores do que a tabela SUS para determinados procedimentos. Criou-se uma preferência
para determinados prestadores que recebem aquele credenciamento ou não. Há uma distorção no modelo de financiamento.
Entrevista
Ricardo Barros,
ministro da Saúde
Diretoria
O ministro da Saúde, Ricardo Bar-
ros, foi entrevistado pelo
Jornal SBC
durante
evento promovido pelo Grupo de Líderes Em-
presariais - Lide, no Hotel Hyatt, em São Pau-
lo, em agosto. Ricardo Barros citou algumas
metas de sua pasta, como melhorar a gestão,
o financiamento da saúde, prevenir a obesi-
dade e combater o sedentarismo, ampliar os
acordos com a indústria de alimentos para
reduzir o sal e o açúcar nos produtos, entre
outras medidas. “Precisamos descascar mais
e desembalar menos, fazendo a promoção da
alimentação saudável e menos processada”.
Ricardo Barros durante almoço-debate
Foto: Fredy Uehara
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