Jornal SBC 177 | Abril 2017 - page 24

Histórias da Cardiologia
por Reinaldo Hadlich
Reinaldo Hadlich é Prof. do Instituto de Pós-gra-
duação Médica do Rio de Janeiro. Presidente do
Centro de Estudos do Instituto Estadual de Cardio-
logia Aloysio de Castro. Vice-presidente do Depar-
tamento de Clínica Cardiológica da Socerj
Os quadros de insuficiência cardíaca (IC) se modifica-
ram com o passar dos anos e com a evolução da tera-
pêutica. Nos anos 1960, IC refratária era aquela com o
paciente congesto em decúbito elevado que não desin-
chava com a terapêutica prescrita, diferente de hoje que
a refratária é aquela com o paciente “seco”, em decú-
bito baixo, recebendo dobutamina intravenosa (depen-
dente de dobutamina).
Essa evolução decorreu do desenvolvimento de diuréti-
cos mais potentes, sendo o principal representante dos
diuréticos a furosemida. Antes da furosemida tínhamos
somente os diuréticos mercuriais, que utilizei nos plantões
no Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas. A “Gortulina”
era um deles. Tinha que ser administrada parenteralmen-
te, pela sua toxicidade aos rins, era prescrita a cada três
dias e se o paciente não respondesse ao tratamento era
necessário acidificá-lo com cloreto de cálcio para os car-
díacos, e cloreto de potássio para os cirróticos.
Veio a furosemida e revolucionou o tratamento dos ede-
mas, mas no Hospital das Clínicas, por ser produto novo,
nem sempre estava disponível, e com frequência éramos
obrigados a prescrever os velhos mercuriais.
Lembro-me de que no meu livro de Farmacologia (Good-
mann e Guilman) havia três páginas sobre a furosemida
um novo diurético e mais de 20 sobre os mercuriais.
História do
tratamento da
Insuficiência
Cardíaca
(parte II)
por Antonio Carlos Pereira Barreto,
referência nacional no assunto
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