Jornal SBC 177 | Abril 2017 - page 20

A viagem de 11 dias pelo o segundo país mais populoso do
mundo, com 1,3 bilhão de habitantes (perde apenas para a
China, com 1,4 bilhão), foi em fevereiro deste ano. O che-
fe da Unidade de Terapia Intensiva do Instituto Dante Pa-
zzanese de Cardiologia de São Paulo Carlos Gun e seus
amigos – professores de história e literatura no nordeste do
Brasil – fizeram questão de ver de perto a realidade da Índia.
“Tanto a parte muito pobre da capital Nova Deli, com vacas
transitando em meio aos
tuk-tuks
, quanto a mais rica, com
seus prédios imponentes”, comenta.
No roteiro o famoso Triângulo Dourado, que incluiu Nova Deli;
Agra, onde fica o Taj Mahal (eles foram de madrugada para
ver o nascer do sol); e Jaipur, a cidade cor de rosa, capital do
Rajastão. Mas Carlos Gun queria mais. Pediu ao guia para
conhecer um hospital público, em Jaipur. “Quando entrei pela
emergência, parecia uma guerra. Fiquei 5 minutos na porta e
acompanhei a triagem inicial, com aferição de pressão, volu-
mosíssima. O hospital tem mais de 1.100 leitos”.
Na Unidade Coronária havia entre 45 e 50 leitos.
“Impressionante, todas devidamente equipa-
Os dois lados
da Índia
Viagens do Coração
Entre um ponto turístico e outro, a
realidade de hospitais com mais de 1.100
leitos e alunos do ensino fundamental
estudando sentados no chão
Gun no Taj Mahal
Escola de Ensino Fundamental
Hospital público de Jaipur
das”, ressalta. ‘Quantos infartos com supra vocês atendem
por dia?’, ele questionou o plantonista, que respondeu: ‘En-
tre 20 e 22’. Gun se explicou: ‘Gostaria de saber o número
por dia, não por semana’. E o colega indiano confirmou que
o número era a média diária. “É um número exorbitante. No
Dante, por exemplo, são de 3 a 4 por semana”, compara.
A conversa continuou: ‘Vocês fazem angioplastia primária
em hospital publico?’. O indiano respondeu: ‘No turno do dia
sim e a noite trombolítico’. “Isso é muito bom para um hos-
pital público. E eles colocam stent revestido em 100% dos
pacientes. O mais incrível é que para serem atendidas ali as
pessoas fazem um cadastro e pagam 10 rúpias (o equiva-
lente a R$ 0,50) e podem utilizar aquele hospital pelo resto
da vida. Eles estão bem mais adiantados do que o Brasil”,
compara o médico.
Gun conta que outra visita curiosa foi a uma escola do en-
sino fundamental. “Dentro da sala de aula, meninos de um
lado e meninas de outro, todos sentados no chão,
com roupas limpas e tranquilos. Uma bela expe-
riência”, completa.
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