Relação Médico Paciente
por Protásio Lemos da Luz
Protásio Lemos da Luz é professor sênior de
Cardiologia do InCor da Faculdade de Medici-
na da Universidade de São Paulo - FMUSP
Quando se olha o mundo atual certas inovações são impres-
sionantes: telefones celulares, internet, informática, novas
técnicas de imagem para diagnóstico, substituições de valvas
cardíacas por cateter, cirurgias minimamente invasivas. Nin-
guém imagina viver sem redes sociais, muito menos sem ce-
lular. Por seu turno, a produção agrícola do Brasil é fantástica,
graças à Embrapa. A Embraer exporta aviões para o mundo
inteiro – prova de sua alta capacitação tecnológica. Tudo isso
tem um preço: chama-se inovação tecnológica. Esta, por sua
vez, origina-se na ciência; e frequentemente na ciência bási-
ca. Países desenvolvidos como Alemanha, Inglaterra, Japão
e Estados Unidos compreendem isso com clareza e gastam
2%-3% de seu PIB em ciência.
No Brasil o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação foi reduzido em 44% no último ano. Laboratórios
estão à míngua, projetos bons não são financiados, bolsas de
pesquisa foram cortadas. Pesquisadores não querem voltar
ao Brasil; ao contrário, muitos querem ir embora. Jovens pes-
quisadores não vêm futuro.
A falta de apoio à pesquisa é um crime contra o futuro da nação. A
pesquisa e a inovação não são atividades esotéricas de malucos
testando suas ideais. Ao contrário, são a essência do progresso
de um país, e impactam diretamente na vida das pessoas. A So-
ciedade Brasileira de Cardiologia, bem como todos os pesquisa-
dores brasileiros devem se engajar na luta pelo apoio à ciência.
Crise na
Ciência
Brasileira
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